Defensor de uma abordagem multissistêmica de controle a malária, Pedro Tauil, da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), considera três os grandes desafios para que a doença, que no Brasil surge principalmente na Amazônia, possa ser cada vez mais debelada. “Definiria três grandes áreas, onde esses desafios estariam presentes”, disse o pesquisador durante conferência no 6.º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, que ocorreu esta semana em Olinda (PE). “Eles são de ordem científica, operacional e política”. No caso das vacinas, por exemplo, colocada pelo pesquisador no primeiro grupo, essa verdadeira “obsessão mundial” tem que ser melhor analisada. Na visão de Tauil, vacinas para fins específicos, como algumas de curta duração, podem ter mais sucesso que aquelas pensadas para imunizar o ser humano por longos períodos de vida, como ocorre com a febre amarela, que tem um prazo de validade de dez anos.
Apesar dos óbitos por ano de malária do Brasil estarem relativamente baixos, menos de 100, os casos da doença nos últimos anos voltaram a aumentar. Uma das regiões que contribuíram para isso é a periferia de Manaus. “A população começou a ocupar áreas cada vez mais próximas da floresta e a entrar em contato com mais intensidade com os mosquitos”, explica Tauil.
Apesar de estar voltado para a região Amazônica, Tauil lembra que 80% do território brasileiro pode ser considerado receptivo ao mosquito transmissor da malária. “Isso mostra que a vigilância contra a doença é necessária em quase todo o país. Não se pode descuidar”, disse.
Nos últimos anos, segundo o pesquisador, foram registrados centenas de casos em Estados como Ceará, Minas Gerais e Paraná, onde a malária fazia tempo que não chegava com essa intensidade vista recentemente.