Fábrica de clones no norte do Paraná

Pesquisadores da Universidade do Norte do Paraná (Unopar) e da Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com professores da Universidade de São Paulo (USP), estão conseguindo bons resultados em um projeto de séries de clones de bovinos. O trabalho está sendo realizado na fazenda experimental da Unopar na cidade de Tamarana, perto de Londrina, na região norte do Estado. A equipe conseguiu 14 nascimentos e quatro bezerros permanecem vivos. O último clone nasceu no dia 14 de novembro.

O projeto começou em 2007. As instituições montaram uma verdadeira fábrica de clones, a partir de uma experiência com a vaca Canjica e o touro Irã , que forneceram material genético para formulação de embriões. Houve sete gestações e quatro nascimentos. Para os pesquisadores, as taxas de gestação obtidas podem ser consideradas boas. A média das pesquisas atuais é de 30% a 35%, enquanto o projeto desenvolvido no Paraná possui entre 45% e 50%. A taxa de nascimento na fazenda da Unopar está em 25%, contra 5% de outras pesquisas. O que ainda precisa ser melhorado é a diminuição da taxa de mortalidade.

Na pesquisa, dois animais nasceram com problemas cardíacos e três com umbigo grande, que pode ser porta de entrada para infecções secundárias. “Estes têm maior possibilidade de morrer. Depois vêm as diarréias, que são problemáticas em bezerros”, afirma Otávio Mitio Ohashi, professor do Centro de Ciências Biológicas da UFPA e outro coordenador do projeto.

Uma das percepções da equipe foi a maior sensibilidade dos clones em relação aos bovinos concebidos naturalmente. Os quatro animais que permanecem vivos estão muito bem de saúde e integrados ao manejo do rebanho da fazenda experimental. “Estamos aprendendo muito com estes nascimentos e com os cuidados pré-natal. Eles têm um custo alto e os veterinários normalmente analisam a relação custo e benefício. Somos carentes em relação a este tipo de cuidado. Normalmente o animal se cuida sozinho”, explica Ohashi.

A equipe de pesquisadores monitora o animal clonado e colhe todos os dados possíveis após o nascimento. Isto permite que a pesquisa seja adaptada diante das mortes dos clones, para que a fabricação do embrião seja melhorada. Os pesquisadores também simulam as lambidas da mãe com toalhas molhadas. Assim o bezerro tem uma experiência próxima da realidade.

No futuro, produção em série e transgenia

De acordo com o pesquisador Paulo Roberto Adona, biólogo doutor em produção animal e coordenador do projeto de clonagem pela Unopar, a próxima etapa consiste em promover nascimentos a cada 30 dias e chegar a uma clonagem em série. Os primeiros embriões devem ser transferidos para vacas que servirão de barriga de aluguel em janeiro
do ano que vem. Futuramente, produtores que possuem animais geneticamente ricos poderão encomendar seus clones.

Os pesquisadores também vão trabalhar com transgenia. Os testes com os animais transgênicos também começarão no ano que vem. A equipe vai colocar no embrião de um clone de uma vaca leiteira um gene humano para a produção de insulina e do hormônio de crescimento.

O leite terá esses fatores, que poderão ser separados em laboratório. “Existe uma lista de 30 desses genes que queremos utilizar”, revela Adona.

A Unopar está investindo cerca de R$ 2,5 milhões no projeto, que também vai formar profissionais para trabalhar na área. Depois do encerramento da pesquisa e dos resultados, a instituição poderá comercializar a técnica ,de fabricação dos embriões, do processo da clonagem e cuidado dos animais.

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