O sistema imunológico de pessoas que convivem com o HIV há anos sem utilizar anti-retrovirais conta com mecanismos de defesa capazes de destruir células infectadas pelo vírus. Um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid, na sigla em inglês), em Bethesda, nos Estados Unidos, desvendou um dos mecanismos responsáveis pela proteção. O trabalho foi publicado nesta sexta-feira (5) na revista científica Immunity e pode conduzir a novas terapias e vacinas contra a doença.
Mark Connors, co-autor do estudo, descreveu à reportagem o perfil das pessoas analisadas na pesquisa: convivem com o HIV há 17 anos, em média, não utilizam anti-retrovirais, não desenvolveram quaisquer sintomas da doença e possuem menos de 50 cópias do RNA viral em cada mililitro do seu plasma sanguíneo – a freqüência mínima detectável nos exames de HIV mais comuns. “Há menos de 1 paciente com essas características para cada grupo de 500”, aponta Connors. Os pesquisadores costumam chamá-los de controladores de elite.
No estudo, os cientistas compararam células T CD8 de soropositivos comuns e de controladores de elite. As células T CD8 identificam células infectadas por vírus e as destroem liberando grânulos com toxinas. Segundo a pesquisa, as células T CD8 dos controladores de elite produzem mais toxinas do que as de outros soropositivos. São, portanto, mais eficazes na luta contra a doença.