A camada de ozônio da atmosfera protege a Terra contra a intensidade máxima dos raios ultravioleta do Sol, que poderia causar câncer de pele e outros problemas. Quando os cientistas perceberam, nos anos 80, que produtos químicos lançados pelo homem na atmosfera vinham corroendo a camada, governos de todo o mundo firmaram o Protocolo de Montreal, proibindo os gases artificiais, como os CFCs, que agridem o ozônio. Pesquisas recentes apontam para a recuperação do ozônio, com a previsão do retorno aos níveis de 1980 entre 2030 e 2070.
Quase 20 anos depois do acordo, um buraco no ozônio sobre a Antártida continua aberto. Na verdade, em 2005 o buraco da Antártida atingiu as proporções máximas, cobrindo uma área de 24 milhões de km2. Mas, enquanto o ozônio sobre a Antártida continua a sofrer, no resto do planeta a situação parece caminhar para uma solução. Nos últimos 9 anos, o volume de ozônio vem se mantendo constante, interrompendo o declínio registrado nos anos 80.
A questão de por quê isso aconteceu – se foi virtude do Protocolo de Montreal ou se há alguma outra agência atuando. Um grupo de pesquisadores da Nasa e de universidades oferece uma resposta em artigo que será publicado no Journal of Geophysical Research. A equipe conclui que metade da atual tendência de recuperação do ozônio se deve à redução na emissão de gases CFC.
Segundo um dos autores do trabalho, Eun-Su Yang, a pesquisa foi feita com a medição das concentrações de ozônio em diferentes altitudes com o uso de satélites, balões e instrumentos no solo. Em seguida, comparações foram feitas com os dados conhecidos sobre a redução dos CFCs e de outros fatores que interferem no ozônio, como o ciclo das manchas solares e o comportamento geral da atmosfera.
Os cientistas descobriram que, na alta estratosfera (acima de 18 km de altitude) a recuperação do ozônio pode ser totalmente explicada pela restrição aos CFCs. Mas, na baixa estratosfera (de 10 km a 18 km) o ozônio recupera-se num ritmo melhor do que o previsto apenas pelo efeito da proibição dos gases danosos. Os cientistas supõem que essa boa surpresa seja fruto do regime de ventos.