Engenheiros civis e representantes de instituições de defesa civil discutiram na última semana, em Curitiba, as causas e os efeitos de desastres climáticos e as maneiras de prevenção e possíveis soluções para os problemas causados por eventos relacionados ao clima.
Os temas foram abordados durante o 1.º Seminário Brasileiro sobre Catástrofes Naturais e Antropogênicas e o 1.º Seminário Brasileiro de Engenharia Civil Emergencial, promovidos pela Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc).
Para o presidente da Abenc, Ney Perracini de Azevedo, ainda há falta de preparo adequado para o atendimento em casos de prevenção dos desastres e reconstrução de áreas afetadas.
Para ele, a discussão dos temas é pertinente, já que é frequente o número de ocorrências de inundações e deslizamento de encostas. “A questão deve ser amplamente debatida, de forma coletiva, ouvindo a opinião de diversos segmentos”, diz.
Segundo Azevedo, os problemas decorrentes dos desastres climáticos nas cidades são agravados pelas mudanças na ocupação do solo, já que as áreas verdes nos centros urbanos diminuíram, assim como a absorção do solo.
Para ele, um dos maiores agravantes dos problemas são as ações antropogênicas (causadas pelas populações) e, por isso, as legislações municipais deveriam ser mais rígidas ao estabelecer proibições ou restrições na utilização de áreas de risco.
“Lamentavelmente, em muitos municípios brasileiros, as áreas de risco, raramente definidas, são ocupadas tanto por edificações clandestinas como por edificações de alto padrão e devidamente regulamentadas”, afirma.
Azevedo acredita que o profissional de engenharia civil tem um papel importante na ação preventiva, com a realização de obras de engenharia que possam evitar ou minimizar os desastres.
“O engenheiro civil também tem um papel importante no atendimento emergencial. Nessa hora é preciso haver técnica para definir o que ocorreu, avaliar o que pode ocorrer e proteger a sociedade”, diz.
Para o engenheiro do Centro de Gerenciamento de Emergências da Prefeitura de São Paulo, Hassan Mohamad Baracat, um dos palestrantes, 70% dos casos de alagamento na capital paulista, por exemplo, acontecem por causa do lixo que entope bueiros.
Por isso, é preciso investir em ações de conscientização. “A população tem que contribuir no sentido de não jogar lixo na via pública, nas margens de rios e córregos e procurar locais seguros para construir suas casas.”
O presidente da Associação Regional de Engenheiros e Arquitetos de Itajaí (SC), Luís Fernando Pedroso Sales, acredita que é preciso haver políticas públicas que viabilizem a adoção de aparatos para proteger a população.
“Tudo o que puder ser aplicado, de sistemas de alerta a monitoramento de encostas, são mecanismos que podem dar à sociedade uma condição de não apenas minimizar os problemas, mas salvar vidas.”