Foto: Instituto Butantan |
Tityus serrulatus (acima) e Tityus bahiensis (abaixo) são duas continua após a publicidade |
Partenogênese (gr., parthenos = virgem; genesis = criação) é a capacidade evolutiva de fêmeas gerarem crias sem o concurso do esperma masculino. O fenômeno é mais conhecido em vegetais, mas também em invertebrados (pulgas de água, afídeos, algumas abelhas e vespas parasitas) e vertebrados (répteis, como o dragão de Komodo, peixes, e, mais raramente, em aves e tubarões). O escorpião, praga antes campesina, se metropoliza graças à partenogênese.
Das 130 espécies brasileiras, 25 estão implicadas com acidentes escorpiônicos. O aparato inoculador de veneno, ?telson?, localiza-se na extremidade do abdômen ou cauda. Habitam praticamente todo o planeta, à exceção da Antártida. Os escorpiões são carnívoros e sob estresse ou em condição de cativeiro os escorpiões podem praticar o canibalismo. São predados por parte dos macacos, aranhas, sapos, gaviões e corujas, camundongos, gambás, quatis e lagartos. Três espécies provocam acidentes graves ao homem: Tityus serrulatus (escorpião-amarelo), T. bahiensis (escorpião-marrom) e T. stigmurus (também amarelo), este último se distinguindo dos demais por uma faixa escura central e outra nas laterais no dorso. Todas essas espécies têm em média 6 centímetros de comprimento total de corpo. Na região amazônica ocorre uma quarta espécie, um pouco mais avantajada (9 centímetros), o T. paraensis (marrom escuro avermelhado, por vezes negro).
O escorpionismo, como é chamado o efeito do envenenamento causado pela picada dos escorpiões, desde 2004 é a maior causa de acidentes por animais peçonhentos no Brasil, superando a cifra dos 35 mil casos em 2005, e deixando para traz os temidos acidentes causados por serpentes, com cerca de 25 mil casos por ano. No Paraná, foram registrados pouco mais de 2.250 acidentes entre 2001 e 2006, quase nada quando comparado aos 45.500 registrados no Estado de Minas Gerais no mesmo período. Apesar de não ter sido registrado óbito por escorpiões, algumas regiões de nosso Estado apresentam aumento no número de acidentes, a exemplo do município de Ponta Grossa, que já registrou 688 acidentes de 2001 a 2006, apesar da não-ocorrência de escorpiões-amarelos na região até o momento.
Mais preocupante ainda é a situação dos municípios de Santo Antonio do Caiuá, Maringá, Jacarezinho e Paranavaí, que registraram, em média, 48 acidentes cada de 2001 a 2006, todos atribuídos ao escorpião, amarelo, Tityus serrulatus, segundo o biólogo Emanuel Marques da DVVZI da Secretaria de Estado de Saúde do Paraná.
José Domingos Fontana (jfontana@ufpr.br) é professor emérito da UFPR, pesquisador 1.ª do CNPq (1996-2006) e prêmio paranaense em C&T (1995).