Maior encontro mundial de usuários da internet, a Campus Party traz ao prédio da Bienal, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, inovações tecnológicas que impressionam tanto pelo ineditismo quanto pela sofisticação. De instrumento musical eletrônico que pode ser controlado simultaneamente por vários usuários a sandálias com tela de LCD e alarme antiviolência, além de um robô que interage com as pessoas, o evento é uma das poucas oportunidades onde o público pode conferir ao vivo invenções que poderão mudar o mundo.
Um dos estandes de maior sucesso mostra de perto o ReacTable, instrumento criado na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, Espanha, e popularizado pela cantora islandesa Björk em sua turnê mundial. O sintetizador emite sons e imagens de acordo com a disposição de peças de plástico colocadas em cima de uma mesa redonda, com uma tela luminosa sensível ao toque.
Cada peça tem uma função. As quadradas, por exemplo, são responsáveis pela emissão de sons. As que possuem forma de cubo produzem batidas, enquanto as peças redondas distorcem os sons produzidos por outras peças. A distribuição e os movimentos giratórios das peças na mesa proporcionam então uma combinação infinita de sons eletrônicos. A equipe que apresenta o ReacTable na Campus Party disse que o "revolucionário" instrumento deve começar a ser vendido no final deste ano ou no início de 2009. O preço deve ficar entre 10 mil e 15 mil euros.
No estande ao lado, o robô humanóide Quasi dança, conversa e cumprimenta o público presente ao evento. Vestido de Darth Vader personagem da série de sucesso no cinema Guerra nas Estrelas, ele obedece a comandos vindos de um operador, a partir de um computador. Não é difícil encontrá-lo posando para fotos e dando entrevistas para televisão.
Mundo virtual
Da Rússia surgiu o Virtusphere, um globo de ferro giratório que simula cenários virtuais. Sensores identificam movimentos da pessoa dentro do globo e um capacete especial mostra a ele, em uma tela, o cenário criado por computador. Embora seja um pouco difícil de se equilibrar, o globo acompanha o andar da pessoa e o capacete, seu olhar. Nas mãos, um joystick que simula uma arma para atacar os robôs e os monstros do mundo virtual. O projeto está locado nos Estados Unidos e a equipe criadora do Virtusphere busca financiamento para o desenvolvimento da ferramenta. O equipamento pode ser usado tanto para a criação de games como para simulações militares.
Na Campus Party, os participantes – e visitantes da área aberta ao público – podem conhecer ainda uma sandália bem peculiar. Ela foi desenvolvida para ser usada por prostitutas dos Estados Unidos. No salto há uma tela de LCD em que a profissional pode mostrar seus serviços aos clientes. As sandálias ainda são equipadas com um sistema de alarme e GPS (Global Positioning System). Em caso de perigo, a mulher pode acionar um botão que ativa o sistema de defesa, emite um barulho irritante e avisa autoridades policiais.
Fecundação
Outra invenção presente no evento comunica a mulher quando ela está no período mais propício para a fecundação. O Ovu, desenvolvido também por norte-americanos, é um dispositivo que a mulher veste no braço antes de dormir. Ele mede a temperatura corporal e envia as informações para um celular, via antena bluetooth. Ao longo do mês, a paciente pode consultar pela internet as temperaturas médias diárias do corpo. No período fértil, identificado pelo programa, ela – e se optar, seu parceiro – recebe uma mensagem de celular com o aviso do período propício para tentar a gravidez.
Além das novas tecnologias, os visitantes da Campus Party podem ainda testar games e computadores em exibição. Há até um jogo de corrida em que o usuário pilota de dentro de um carro da Stock Car. Ou então dá para lutar de verdade contra adversários virtuais, entre eles o presidente dos EUA, George W. Bush, o governador do Estado norte-americano da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, e até mesmo, quem diria, o líder pacifista da independência indiana, Mahatma Gandhi.