Cientistas descobriram na Etiópia uma ossada do ancestral mais antigo dos humanos modernos.
O Ardipithecus ramidus, apelidado de “Ardi”, viveu há aproximadamente 4,4 milhões de anos, e é 1,2 milhões de anos mais velho que “Lucy” da espécie Australopithecus afarensis, até então o hominídeo mais antigo conhecido pela ciência.
A descoberta da ossada foi feita em 1994, mas somente agora os cientistas chegaram a conclusões definitivas sobre a descoberta.
Cientistas encontraram 35 ossadas da espécie, e conseguiram construir um esqueleto quase completo de Ardi, com 125 pedaços de sua ossada, constituindo um retrato bastante completo sobre a espécie.
O esqueleto mostra detalhes sobre como humanos e macacos tomaram caminhos diferentes há aproximadamente 7 milhões de anos.
O antropólogo Owen Lovejoy, da Universidade de Kent State, nos Estados Unidos, afirma que o esqueleto modifica a compreensão sobre a evolução humana.
“Fica claro que humanos não são uma mera modificação dos chimpanzés, apesar da similaridade genética”, afirma o pesquisador.
De acordo com os cientistas que descobriram Ardi, a espécie é mais próxima a humanos do que a chimpanzés. O esqueleto encontrado media 120 centímetros e pesava 50 quilos.
Acredita-se que ela andava sem o apoio das mãos, e ainda não tinha uma arqueadura dos pés, característica apresentada pelos hominídeos modernos. Ardi tinha pés semelhantes aos de macacos, mas eles não eram flexíveis o bastante para se agarrar a galhos, como muitos macacos fazem.
Os cientistas acreditam que a espécie passava a maior parte do tempo no solo, embora pudesse fazer rápidas caminhadas sobre galhos de árvores. Os dedos de Ardi são longos e semelhantes aos de humanos, e seus pulsos são mais flexíveis que os de primatas.
Os relacionamentos da espécie eram semelhantes aos de humanos, já que Ardi não tem caninos longos, como os que gorilas e outros primatas não-monógamos têm. “O canino não é projetado nem afiado, e não serve como uma arma”, afirma Lovejoy.
Algumas partes do esqueleto não foram encontradas, como a pélvis de Ardi, que estava completamente destruída. Ainda assim o paleoantropólogo Alan Walker se mostra muito animado com a descoberta da espécie: “É uma incrível criatura darwiniana, que tem características intermediárias do último ancestral comum entre humanos e primatas”, afirma Walker.
Lovejoy também não esconde seu entusiasmo ao falar de Ardi: “Este não é apenas um esqueleto”, afirma o pesquisador. “Nós conseguimos completar um retrato fantástico e detalhado sobre um período sobre o qual não se sabia nada”, diz Lovejoy.