Empresa paranaense de informática aposta no design para conquistar consumidor

Conquistar a classe C se tornou um importante foco da Positivo Informática. Ao menos é o que se percebe diante do mais novo lançamento da empresa paranaense. Fruto de pesquisas que chegaram até dentro das casas de famílias tipicamente brasileiras, no Rio de Janeiro e São Paulo, a linha de desktop Faces, que chega às lojas em outubro, promete dar uma cara diferente ao velho gabinete, peça que segundo a fabricante, tornou-se o centro social de muitas casas. A linha foi apresentada à imprensa na última quinta-feira, em São Paulo.

“Hoje, 46% da população brasileira pertence à classe C. E 75% deles não tem computador”, informa o presidente da empresa, Hélio Bruck Rotenberg. Essa porcentagem implica, segundo ele, em 20,1 milhões de pessoas sem computador. Para a fabricante, que responde por 13,5% – segundo dados da própria empresa – da fatia total do mercado de computadores e 29,5% do que é vendido no varejo, é um grande mercado a ser explorado.

De olho nesse nicho – e na manutenção da liderança no mercado -, a empresa foi pesquisar o que aquele público desejava. E acabou concluindo que a solução não estava exatamente na tecnologia, mas sim no design. “Personalização era importante para as famílias. Assim como se decoravam as TVs de antigamente com toalhinhas de crochê e vasinhos de flores, as pessoas hoje colocam fotos dos filhos e adesivos no computador”, compara Rotenberg.

Para isso, a empresa de design Ideo foi contratada, e criou o gabinete Faces. A parte frontal do equipamento tem uma capa de acrílico removível, que abriga um cartão que pode ser trocado. São vários modelos de cartões, com desenhos baseados em temas diferentes. Ainda, os cartões podem ser personalizados com as imagens que o usuário desejar, bastando para isso usar um aplicativo que vem instalado no computador, e imprimir o resultado. O resultado, na opinião de Rotenberg, foi tão bom que o produto evoluiu para não ser apenas destinado à classe C.

Divulgação“Nas pesquisas descobrimos que 84% das pessoas consideram o design importante”, informa a gerente de novos produtos da Positivo, Adriana Flores. Ela revela, também, outros dados interessantes da pesquisa: em algumas famílias pesquisadas, por exemplo, o computador não era só o centro social da casa, mas de toda a vizinhança que, sem equipamento em suas residências, iam ao vizinho para ver seus e-mails ou fazer alguma outra tarefa. “O computador virou uma coisa a ser mostrada. É uma conquista, como foi a TV antigamente”, observa.

Segundo Flores, os pesquisadores também perceberam uma grande difusão de soluções caseiras, que iam desde o compartilhamento de uma conexão de banda larga com os vizinhos -prática vetada pelos provedores, mas disseminada no Brasil -, até a adaptação da decoração das salas para comportar o equipamento em um local de destaque. Ela diz que a pesquisa qualitativa foi feita em 10 famílias, mas que também foi feito um levantamento quantitativo com um público bem mais amplo.

Serão quatro modelos de computadores com o gabinete Faces, com preços que devem variar entre R$ 1,3 mil e R$ 2 mil. Eles terão chip Intel Dual Core ou Core 2 Duo, Windows Vista Home Basic, de 2 GB a 3 GB de memória RAM, disco rígido de 160 GB a 250 GB e monitor de LCD de 19 ou 22 polegadas. Três dos modelos também possuem placa que permite assistir canais de TV direto no computador.

Modelos do Mobo vão concorrer com notebooks

Na onda do lançamento do Faces, a Positivo Informática também apresentou os novos modelos do ultraportátil Mobo, cujos primeiros modelos saíram no primeiro semestre. Com telas um pouco maiores (8,9 ,e 10 polegadas) e configurações mais robustas, com disco rígido no lugar de memória flash, os modelos prometem concorrer com notebooks de pequeno porte, como os de tela de 12 polegadas, com a vantagem de terem um preço bastante menor.

O lançamento aumenta a oferta de modelos de ultraportáteis no mercado. Além do próprio Mobo de 7 polegadas, e do Eee PC da Asustek, os primeiros a chegarem às lojas brasileiras, fabricantes como HP e Dell já possuem modelos à venda. O presidente da empresa, Hélio Rotenberg, diz que o Mobo vem sendo comprado como um segundo notebook, usado nos deslocamentos do dia-a-dia e em viagens curtas. “Mas a verba total das pessoas para comprar computador é a mesma”, observa. Por isso, ele mesmo aponta que os novos modelos poderão substituir os notebooks de menor porte, inclusive os produzidos pela própria Positivo. “Um notebook com tela de 12 polegadas que custa R$ 3 mil vai sofrer com o Mobo de 10 polegadas”, avalia, lembrando, porém, que por se tratar de um mercado muito novo, tudo não passa de suposição: “Não adianta êir buscar as experiências de outros países, porque todo mundo está começando agora”.

Rotenberg anuncia também que, ainda este ano, deverão aparecer novidades no segmento, possivelmente com modelos com chip 3G embutido, permitindo assim o acesso à internet de qualquer lugar com cobertura do tipo 3G, sem a necessidade de conectar dispositivos externos. Fabricantes como a HP já possuem modelos de notebook com o chip, em parceria com a operadora TIM. O modelo
da Positivo seria o primeiro ultraportátil com o recurso. “Estamos em negociação com as operadoras”, informa o executivo, dizendo que as conversas com a Vivo estão mais adiantadas, e que a questão mais importante em discussão é o valor do subsídio que cada operadora pode oferecer.

Serão seis novos modelos do Mobo, incluindo alguns na cor branca. As configurações são bem variadas: telas de 8,9 ou 10 polegadas – este, com um teclado maior, permite uma digitação bem mais confortável -, disco rígido de 60 a 160 GB – apenas um dos novos modelos virá sem HD e com 4 GB de memória flash -, Windows XP Home ou Linux e memória de 512 MB a 1 GB. Um dos modelos também virá com o Microsoft Office Home&Student 2007 instalado. (HM)

Alta do dólar influencia

A recente alta no dólar pode resultar em aumento nos preços de computadores. Segundo o presidente da Positivo Informática, Hélio Rotenberg, apesar de muitos componentes serem de origem nacional, “quase tudo” é cotado em dólar, no setor. “Cerca de 80% do custo [de um computador] é dolarizado”, informa. O executivo também avalia que a crise na economia mundial pode não surtir efeitos no mercado de informática: “Se não houver crise de crédito, passaremos ao largo disso tudo”. (HM)

O repórter viajou a convite da Positivo Informática.

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