Quem ainda acredita que a tecnologia do campo se baseia em instrumentos primitivos, como o arado de boi e a enxada, precisa rever seus conceitos. Hoje em dia, o campo utiliza equipamentos que dispõem de tanta tecnologia quanto os utilizados nos grandes centros urbanos. Além dos já tradicionais tratores, ceifadeiras, colheitadeiras, entre outros, o produtor rural moderno dispõe de inúmeros materiais cercados de tecnologia de ponta.

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A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) dispõe, na cidade de São Carlos, localizado a 231 quilômetros da capital paulista, a unidade de instrumentação agropecuária, que visa desenvolver projetos e instrumentos para aplicação na agricultura. Um dos produtos desenvolvidos lá é o Irrigas, um equipamento que é utilizado para monitorar a necessidade de reposição de água nas plantações.

O pesquisador da Embrapa e especialista em fisiologia vegetal, Adonai Gimenez Calbo, que participou da criação do material, fala sobre as características do produto. “Ele é um aparelho simples e barato, mas muito importante para os agricultores. O Irrigas é colocado no solo e faz a medida da força que o solo retém a água. Em pouco tempo dá para verificar se o local precisa ser irrigado ou se está úmido o suficiente”, revela.

Quanto a sua eficácia, o pesquisador garante que o Irrigas tem se saído muito bem. “O mais difícil para gente é convencer os agricultores da funcionalidade desses aparelhos. Felizmente, esse pessoal aprovou o Irrigas e ele tem tido uma boa aceitação no mercado desde que foi lançado, há mais ou menos sete, oito anos. Ele tem sido muito procurado por produtores rurais do Paraná, São Paulo e Minas Gerais”, afirma.

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Calbo informa que outro produto que deve ser um sucesso, mas ainda encontra-se em fase de testes, é o Wiltmeter, um instrumento portátil que mede a pressão nas folhas, verificando se ela está ou não com déficit de água. “Esse instrumento é inédito em todo o mundo. Ele seria importante na hora de auxiliar o manejo de irrigação.

A tecnologia usada é toda nacional e queremos aperfeiçoar ainda mais o nosso protótipo. Esperamos que até 2011 ele esteja no mercado, a um custo entre R$ 1 mil a R$ 2 mil, o que seria relativamente acessível. Ele poderia ser utilizado em qualquer tipo de lavoura, como a de grãos ou olericulturas em geral”, garante.

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Além desse equipamento, outros inúmeros estão sendo desenvolvidos pela Embrapa. O engenheiro agrônomo e também pesquisador da instituição, Marcos David Ferreira, está trabalhando em um protótipo que vai beneficiar e classificar frutas e hortaliças. Embora já exista um aparelho no mercado, Ferreira explica que o objetivo é torna-lo acessível a qualquer produtor rural.

“Hoje em dia, só tem essa máquina os grandes produtores rurais, pois trata-se de um produto importado e que custa em torno de R$ 200 mil. Queremos que esse maquinário seja totalmente viável para pequenos produtores rurais.

Estamos trabalhando com softwares livres, como o Linux, para baixar custos, pesquisando diversos materiais para baratea-lo, etc. Acredito que em no máximo três anos o protótipo estará pronto. É uma aposta para um futuro e, se der certo, vai ser interessante contar com esse equipamento na propriedade rural”, encerra.

Pesquisas no laboratório ligadas ao agronegócio

Laboratório de nanotecnologia foi inaugurado recentemente.

A Embrapa Instrumentação Agropecuária inaugurou recentemente o Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA). O objetivo desse espaço, que consumiu recursos da ordem de R$ 10 milhões, é de conduzir pesquisa,s ligadas ao agronegócio, utilizando para isso tudo o que há de mais moderno em termos de tecnologia.

Ocupando um espaço de 700 metros quadrados, o laboratório é considerado uma iniciativa inédita em todo o mundo para esse tipo de pesquisa. Estão envolvidos nesse projeto 64 pesquisadores de 28 instituições, sendo 19 unidades da Embrapa e 17 centros acadêmicos de excelência no País.

Eles atuarão em três linhas de pesquisa: sensores e biossensores para monitoramento de processos e produtos; membranas de separação e embalagens biodegradáveis, bioativas e inteligentes; novos usos de produtos agropecuários, entre outros projetos.

O chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Instrumentação Agropecuária, Luiz Henrique Capparelli Mattoso, acredita que o agronegócio é uma área onde o Brasil pode conseguir uma boa desenvoltura em nanotecnologia, graças às especificidades da agricultura tropical. Com o novo espaço, o coordenador afirma que podem ser desenvolvidas pesquisas para aplicação de novas ferramentas para biotecnologia e nanomanipulação de genes e materiais biológicos, desenvolvimento de catalisadores mais eficientes para produção de biodiesel e utilização de óleos vegetais e outras matérias-primas de origem agrícola para produção de plásticos, entre tantas outras infinidades de pesquisa.