Receber uma visita de um fiscal do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) não é algo visto com simpatia por muitos. Munidos de uma prancheta com formulários, eles vão a todo tipo de estabelecimento que executa músicas publicamente para cobrar o pagamento de direitos autorais das canções. Não escapam bares, restaurantes, hotéis, academias, nem qualquer tipo de loja (e todos sempre acabam reclamando ao terem uma conta a mais para pagar). Mas a tecnologia, se não vai fazer esses profissionais serem amados, ao menos está ajudando a mudar aquela imagem antiquada dos fiscais. Isso porque, desde a semana passada, funcionários do Ecad na região Sul vêm usando um aparato bem mais moderno do que a velha prancheta. E a instituição garante: até mesmo os comerciantes têm a ganhar com isso.
Batizado de Ecad.Tec Móvel e desenvolvido internamente pela instituição, o novo equipamente é um conjunto que consiste em um Pocket PC com conexão à internet e uma impressora portátil, que diminuem – e muito – a burocracia nos procedimentos. “Nós já tínhamos um sistema de arrecadação. O que fizemos foi desenvolver um sistema para fazer um link com ele”, explica o gerente executivo de Arrecadação do Ecad, Márcio Fernandes. “Melhorou muito a logística do processo. Antes, perdia-se muito tempo e dava mais trabalho aos funcionários”, continua, dizendo que o equipamento foi testado primeiramente no Rio de Janeiro. “Os resultados foram muito interessantes. Principalmente no bem-estar dos funcionários”, informa.
De acordo com Fernandes, a agilidade no processo melhorou em pelo menos 35%. A instituição acredita que, com isso, os titulares de direitos autorais musicais também sairão ganhando, já que a distribuição de direitos autorais para eles também deverá ser agilizada. Os comerciantes, segundo ele, também ganham: isso porque, durante toda a fiscalização, o técnico tem que estar acompanhado de um funcionário do local fiscalizado, que pode perder um tempo que poderia dedicar ao atendimento de clientes, por exemplo.
No sistema antigo, os técnicos utilizavam um formulário em papel para cadastrar estabelecimentos e coletar dados. Em seguida, tinham que voltar ao escritório do Ecad para lançar os dados no sistema, consultar a situação do estabelecimento em relação ao pagamento dos direitos autorais, ou mesmo para imprimir o boleto bancário. Se o funcionário estivesse em uma cidade distante de sua unidade, a demora era ainda maior. Sem falar que, ao final de tudo, o técnico tinha que retornar ao local cerca de dez dias depois da primeira visita.
Agora, cada funcionário do Ecad que trabalha externamente na região Sul tem o Pocket PC conectado via bluetooth a uma mini-impressora térmica. Durante as visitas aos estabelecimentos, o técnico já acessa – pela rede GPRS de uma operadora de celular – o banco de dados da instituição, verifica sua situação e preenche, online, o cadastro da empresa. Caso seja necessário o pagamento de alguma taxa, o boleto é impresso na hora.
Segundo o executivo, o Ecad é pioneiro no mundo nessa solução, pelo menos levando-se em conta os escritórios de arrecadação equivalentes em outros países. “Alguns até demonstraram interesse em saber como nosso sistema funciona”, diz. A entidade informa que o Ecad.Tec Móvel será lançado em etapas. Mas, até o fim do ano, estará implantado em todo o Brasil. Inicialmente, serão disponibilizados 150 aparelhos aos técnicos de arrecadação.