São Paulo (Agência USP) – A consciência dos efeitos da droga na comunicação e na linguagem aumenta a aceitação dos adolescentes aos tratamentos de dependência química. Utilizando a comunicação como uma forma de mobilizar os jovens em tratamento, o fonoaudiólogo Christian César Cândido de Oliveira desenvolveu uma pesquisa para comprovar esta tese, tentando diminuir a negação que esses jovens geralmente têm quanto ao efeito das drogas
No Ambulatório de Adolescentes e Drogas do Serviço de Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, Oliveira passou a gravar, a partir de janeiro de 2004, o discurso oral dos adolescentes usuários de drogas que davam entrada no atendimento do HC.
Segundo ele, grande parte dos jovens possuía alterações crônicas (decorrentes do uso contínuo de uma ou mais drogas) ou agudas (decorrentes do uso imediato) na fala, dificultando a compreensão e a expressão da linguagem oral. Na maioria das vezes, os adolescentes ouviam a si próprios logo após o procedimento, o que causava um impacto maior .
As conclusões da experiência foram documentadas até junho de 2005, contabilizando um total de 31 jovens. Os resultados foram comparados com os de outros 31 adolescentes que foram submetidos ao tratamento do hospital antes da implementação da pesquisa. Entre o grupo que foi submetido às gravações e sessão de discussão com o fonoaudiólogo, o tempo médio de permanência no tratamento do hospital passou a ser de 30 semanas, enquanto os que não passaram pelo procedimento tinham uma média de 13 semanas.
Em outra comparação, observou-se que entre os usuários de maconha, o tempo médio de abstinência aumentou de 6 para 17 semanas.
