10. Paul Chamberlen (1635-1717): suposto inventor do “Colar Anódino”, o britânico Paul Chamberlen afirmava que sua criação ajudava crianças em idade de dentição, assim como mulheres em trabalho de parto. Era comum que crianças durante o século XIX morressem em idades pouco avançadas, freqüentemente durante a idade em que a dentição é desenvolvida, o que fazia as pessoas acreditarem que este era o causador do problema.

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O Colar foi criado para ser colocado ao redor do pescoço do bebê para impedir a morte infantil durante esta fase. Chamberlen merece apenas o último lugar nesta lista por não ter lucrado com a sua criação, que não tinha resultados para impedir a morte das crianças.

9. Albert Abrams (1863-1924): este médico estadunidense foi o criador do “Dynamizer”, aparelho que ele afirmava poder diagnosticar qualquer doença. O aparelho “funcionava” analisando um papel em que uma gota de sangue do paciente tinha sido depositada. Se a gota de sangue estivesse indisponível ou o paciente não quisesse ceder o sangue, uma simples amostra da escrita do paciente também servia para o diagnóstico.

O “Dynamizer” funcionava conectado a um eletrodo na testa de um assistente, que ficava sem camisa. O assistente então era virado para o oeste sob luz baixa e seu abdome era atingido várias vezes por um bastão. As vibrações que saíam do abdome do assistente deveriam indicar ao médico a natureza da doença do paciente.

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A comunidade médica, desconfiando da criação de Abrams, mandou uma gota de sangue de um galo para o médico, para que fosse analisada pelo aparelho. O diagnóstico foi que o “paciente” tinha malária, sífilis, diabetes e câncer. Pobre galo!

8. Bernard Jensen (1908-2001): o famoso quiroprata e iridologista estadunidense afirma que todas as disfunções corporais e toxinas podem ser identificadas na íris, parte colorida do olho humano. Esta parte do corpo sofre pouquíssimas mudanças durante a vida, mas ainda assim Jensen insistia que áreas mais escuras da íris ou áreas que mudavam de mais claras para mais escuras deveriam ser lidas como sinais de problemas ou doenças na parte correspondente do corpo.

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Para seus “diagnósticos”, Jensen lia diferentemente o olho direito e o esquerdo, que representavam diferentes órgãos. Você pode conferir um dos gráficos com as definições de partes da íris e suas doenças relacionadas aqui.

7. Dinshah Ghadiali (1873-1966): ele inventou o espectro-cromo, um aparelho que ele afirmava curar doenças ao mudar as cores de luz a que o paciente era exposto. A teoria do médico era que diferentes cores correspondiam a diferentes elementos (azul = oxigênio, vermelho = hidrogênio, entre outros), e que a falta destes elementos eram a causa de doenças. Assim, se o corpo fosse exposto à cor que lhe faltava por longos períodos, a deficiência seria solucionada, e a doença, curada.

Segundo ele, qualquer doença. exceto ossos quebrados, poderiam ser curadas desta maneira. Além disso, o paciente não tinha que necessariamente ser exposto diretamente às luzes coloridas: ele poderia beber líquidos de uma garrafa com a cor necessária para ter os mesmo efeitos.

6. D.D. Palmer (1845-1913): pai da quiropracia moderna, o método científico de Palmer, que levou à teoria de que o alinhamento errado da coluna causa grande parte das doenças do corpo humano, é bastante questionável. Sua teoria foi criada a partir de dois incidentes bizarros: o primeiro foi quando Palmer bateu em um homem com um livro durante uma discussão, e alguns dias depois o homem afirmou que sua audição havia melhorado. O segundo caso aconteceu quando o médico manipulou a coluna de uma paciente não-identificada, e “curou” o seu “problema cardíaco”, também não-identificado.

Com esses dois eventos, Palmer postulou que existe um fluido que ele chamou de “inteligência inata” no corpo, que pode curar qualquer doença e que poderia fluir mais facilmente com o desbloqueio do seu caminho, através da manipulação da espinha. A quiropracia é uma técnica bastante comum atualmente, o que faz com que esta seja uma das colocações mais polêmicas desta lista.

5. William J.A. Bailey (1884-1949): presidente da empresa Radium de Nova York e auto-intitulado médico que nunca recebeu seu diploma, ele prescrevia a seus pacientes o “Radithor”, uma solução de rádio em água comum. O “médico” afirmava que isso ajudava a revigorar pacientes cansados. Seu paciente mais famoso foi Eben Byers, eu rico industrialista que beber 1400 garrafas de “Radithor” antes de sofrer com a queda do seu maxilar. Byers morreu de envenenamento radioativo, e depois da sua morte médicos descobriram que a radiação havia destruído enormes partes de seu cérebro e crânio. Bailey também comercializava um acessório radiativo para cintos (usado para “energia portátil”) e um peso para papéis radioativo.

4. John Harvey Kellogg (1852-1943): o irmão do magnata Will Kellogg, criador da famosa marca de cereais, também colocou seu nome na história, porém, por motivos menos nobres. O médico foi o excêntrico líder do “movimento pela saúde”. Os registros de suas práticas mostram que suas técnicas atraíam enormes números de pacientes que se voluntariavam para práticas completamente masoquistas e nada saudáveis.

Algumas das técnicas conhecidas de John Harvey envolviam completa abstinência de atividades sexuais, já que elas eram consideradas a causa de grande parte das doenças. Mulheres recebiam aplicações de ácido carbólico no clitóris para que não pudessem se masturbar. O médico também dava aos pacientes enemas de iogurte, para “limpar o corpo”, e outra prática testada pelo médico fazia com que os voluntários comessem enquanto marchavam, para melhorar a digestão. Além disso, outro tratamento era feito mergulhando os pacientes em banheiras com água gelada, cheia de rádio, cujas propriedades perigosas já foram tratadas no tópico anterior.

3. John R. Brinkley (1885-1942): a trajetória deste médico estadunidense é incrível: a história conta que, quando trabalhava em uma empresa de empacotamento de carne, Brinkley ficou impressionado com a voracidade sexual dos bodes.

E foi assim que ele surgiu com a ideia que lhe rendeu mais de 16 mil cirurgias: ele implantava testículos de bodes dentro do escroto de homens que temiam o fim da vida sexual. Embora não houvesse qualquer tipo de conexão arterial ou fusão entre os dois tecidos, o médico afirmava que a dose extra de testosterona revitalizaria a vida sexual do paciente.

Brinkley chegou a fazer propagandas da sua técnica pelo rádio, para chegar aos máximo de pessoas quanto possível. O livro “Charlatan: America’s Most Dangerous Huckster”, de Pope Brock (sem edição brasileira), conta um pouco mais sobre a história de Brinkley.

2. Walter Freeman (1895-1972): este proeminente neurologista e psiquiatra popularizou a lobotomia – remoção de uma parte do cérebro de pacientes – ao fazer com que a técnica ficasse mais simples e conveniente. Freeman aperfeiçoou a lobotomia transorbital, em que um objeto afiado era inserido pelo canto interior do olho, quebrando um pedaço do crânio e penetrando no lóbulo do cérebro do paciente. O médico então passava com o objeto pelo cérebro, cortando conexões neurais para supostamente curar condições psiquiátricas graves ou leves.

Estas “cirurgias” não eram feitas em centros cirúsgicos, e realizadas sem anestésicos. Freeman depois desenvolveu seu próprio instrumento para a realização de lobotomias, o que ele fez após destruir a órbita do olho de um paciente.

Mesmo depois de perder sua licença médica por matar um paciente com sua técnica, Freeman viajou pelo mundo para levar seus serviços a outros locais. Durante sua carreira, ele realizou 3.439 lobotomias, e o dano psicológico e físico causado pela sua prática como psiquiatra é incalculável. O livro “My Lobotomy” (“Minha Lobotomia”, em tradução livre, sem versão para o português), de Howard Dully, é um relato do autor, que foi vítima de uma lobotomia aos 11 anos de idade.

1. Josef Mengele (1911-1979): Esta lista não estaria completa sem relatar as famosas práticas desumanas e experimentos de Josef Mengele. O médico realizou suas conhecidas experiências durante a Segunda Guerra Mundial, nos campos de concentração nazistas. Alguns de seus terríveis experimentos foram os seguintes: injetar tintas nos olhos de crianças para verificar mudanças nas cores originais; tentativas para medir quanta força é necessária para quebrar um osso humano (em vida, é claro); colocar prisioneiros judeus em enormes fornos para verificar quanto tempo é necessário para que o corpo humano sofra queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus.

Outras experiências foram feitas com gêmeos, que eram costurados juntos para verificar se ocorria a formação de gêmeos siameses. O médico também experimentou passar vidro moído em machucados, para ver qual era o efeito. As técnicas realizadas pelo médico feriram e mataram milhares de pessoas, além de causar danos irreversíveis ao povo judeu e mostrar um novo lado da depravação e crueldade humana.

Fonte: 10 ousados charlatões da medicina