Detectando o cancêr pelo sangue

Pesquisa feita em camundongos detectou a expressão de genes que ativam o sistema imunológico em resposta à presença de células tumorais.

São Paulo – Utilizando o método de análise por microarrays, um estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) detectou, em camundongos, a expressão de genes que ativam o sistema imunológico em resposta à presença de células tumorais. O trabalho poderá contribuir para o desenvolvimento de um método de detecção do câncer a partir de exames de sangue.

O trabalho intitulado ?Detecção precoce de fibrossarcoma experimental baseada em perfis de expressão gênica do sistema imune?, de Márcia Marques, do Grupo de Imunogenética Molecular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, recebeu em fevereiro o Prêmio Capes de 2007 de Tese em Ciências Biológicas.

De acordo com Márcia, quanto mais cedo se detecta um câncer, maiores são as chances de sucesso no tratamento. Mas o diagnóstico precoce não é tarefa fácil, pois mesmo os métodos mais avançados de detecção pressupõem que o tumor já esteja visível. A estratégia foi utilizar a sensibilidade da vigilância imunológica para antecipar o diagnóstico. ?O objetivo foi avaliar o perfil de expressão gênica do sistema imunológco em respostas para células tumorais, de modo a criar uma estratégia para detecção precoce do câncer?, disse Márcia.

Quando o corpo detecta a presença de um patógeno como vírus, bactérias ou células tumorais, o sistema imunológico reage e as células de defesa são ativadas. Mas, mesmo antes dessa resposta celular, é possível captar a alteração molecular no perfil da expressão gênica. ?Para isso, usamos um modelo experimental de camundongos, no qual injetamos uma linhagem tumoral transfectada com o oncogene humano Ha-ras. Fizemos o acompanhamento completo do aparecimento do tumor in vivo e depois realizamos, com o método de microarrays, a análise de expressão gênica do timo e dos leucócitos?, explicou.

Foi também utilizado um grupo de controle composto por animais que não receberam a célula tumoral e dois outros grupos com animais com inflamação e infecção bacteriana, a fim de conseguir uma assinatura de hibridação dos animais com câncer. ?Como o intuito era a detecção precoce, injetamos números diferentes de células tumorais nos animais, a fim de observar qual seria a dose mínima necessária para que as células fossem detectáveis pela análise de mircroarrays?, disse.

Precisão maior do que aparelhos

São Paulo (Agência Fapesp) – O perfil de expressão genética foi avaliado apenas três dias após a coleta do sangue, isto é, antes da formação da massa tumoral. Alguns
animais receberam 1 milhão de células, outros 100 mil e outros mil. A presença de
100 mil células foi suficiente para a detecção do câncer.

?Essa quantidade, no entanto, não confere um tumor. Nenhum aparelho atual seria capaz de detectar um tumor nesse estágio?, afirmou Márcia Marques, do Grupo de Imunogenética Molecular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Antes do teste com células sangüíneas, a pesquisadora fez o experimento com células do timo dos animais um órgão linfóide importante para a maturação de linfócitos e reconhecimento de antígeno. ?Partimos da idéia de que o reconhecimento de antígeno tumoral se daria pelo sistema imunológico do animal.

Testamos primeiro o timo e tivemos uma resposta positiva. Mas não seria fácil,
em uma possível aplicação clínica, extrair células do timo. Como o mais adequado seria
o sangue, então partimos para os leucócitos?, explicou Márcia. Para uma futura aplicação clínica, a estratégia precisa de uma série de ajustes, testes e controles, de acordo com a pesquisadora. ?Será preciso realizar estudos com uma equipe médica e realizar estudos em pacientes no estágio mais precoce possível?, disse.

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