Uma nova espécie de rã, um batráquio de cor violeta que tem raízes genéticas muito antigas, foi descoberta no sudoeste da Índia por uma equipe de biólogos, que decidiu classificá-la em uma nova família, segundo matéria que será publicada na próxima edição da revista Nature. Com sete centímetros de comprimento, a nova rã foi denominada Nasikabatrachus sahyadrensis.
Dados de sua anatomia e análise de seu DNA revelam que ela provém de um ramo muito antigo da árvore genealógica das rãs, segundo os cientistas que a descobriram, S.D. Biju, do Tropical Botanic Garden and Research Institute de Kerala (Índia), e Franky Bossuyt, do departamento de biologia da Universidade de Bruxelas (Bélgica).
Parentes
Última representante das espécies de batráquios que viviam na época dos dinossauros, há 65 milhões de anos, ela é parente de outra espécie de rã, a Sooglosisidae, que ainda vive nas ilhas Seychelles, a mais de 3.000 km da Índia.
Os antepassados dessas duas rãs viveram no antigo continente de Gondwana, que começou a se dividir em vários blocos há 160 milhões de anos, para formar a América do Sul, a África e outro continente oriental que posteriormente desapareceu.
Austrália e Antártida, há 130 milhões de anos, depois Madagascar, há 90 milhões de anos, e finalmente as Seychelles, há 65 milhões de anos, se separaram deste bloco. O subcontinente indiano continuou avançando para o norte e seu choque com a Ásia, há 55 milhões de anos, produziu a cordilheira do Himalaia.
Segundo essa teoria geológica, a Índia serviu de “veículo biótico” para grupos de plantas e animais que evoluíram de forma isolada durante dezenas de milhões de anos. O aparente isolamento da família da nova rã apóia esse modelo, apesar de as análises do DNA da N. sahyadrensis e de seus parentes das Seychelles demonstrar que as duas linhagens se separaram há 130 milhões de anos, ou seja, muito antes da separação entre a Índia e as Seychelles.