Pesquisadores do Núcleo de Entomologia Médica de Maringá, pertencente à 15.ª Regional de Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde, descobriram uma nova espécie de inseto flebotomíneo (subfamília de insetos com duas asas). A descoberta aconteceu na Ilha Rasa, em coletas feitas com armadilhas elétricas luminosas, no interior de um túnel artificial, que em outros tempos era utilizado por usineiros para a extração de minérios.
A nova espécie foi encontrada pelos técnicos durante a realização de estudos entomológicos (em insetos) iniciados em 2005, e publicados em agosto de 2007, no município de Adrianópolis, região do Vale do Ribeira.
O novo flebotomíneo recebeu o nome de Brumptomyia angelae em homenagem a Ângela Cristovalina Pernier dos Santos, esposa de Demilson Rodrigues dos Santos, um dos autores desse trabalho. Segundo o coordenador de entomologia da secretaria, Allan Martins da Silva, também um dos autores da descoberta, a nova espécie faz parte da família dos transmissores da leishmaniose tegumentar americana. Apesar disso, o novo inseto não traz nenhum risco ao ser humano. ?Após análises literárias para comprovar se realmente era uma espécie nova, constatamos que o inseto não tem ligação direta com a transmissão da leishmaniose; apesar de ser da mesma família dos insetos transmissores da doença, é inofensivo?, garantiu Silva.
Para o técnico Demilson Rodrigues dos Santos, a descoberta de uma nova espécie de inseto é motivo de grande satisfação. ?Ser o primeiro no mundo a identificar o Brumptomyia angelae traduz a importância do nosso trabalho para a ciência e, sobretudo, para a sociedade?, relata. Santos explica que é por meio dessas descobertas que se aplicam medidas mais eficientes de controle de populações de insetos transmissores de agentes patogênicos.
O trabalho com a descrição da nova espécie foi publicado na Revista Memórias, do Instituto Oswaldo Cruz (Volume 102, número 5), e cita como autores a doutora Eunice Aparecida Bianchi Galati, da Universidade de São Paulo (USP), além dos técnicos Demilson Santos e Allan da Silva.
Espécies
Os flebotomíneos constituem um grupo de insetos responsáveis pela transmissão das leishmanioses tegumentar e visceral. Atualmente são conhecidas, em todo o mundo, aproximadamente 880 espécies. Dessas, 410 são descritas no Velho Mundo e Oceania, e 470 tipos são encontrados nas Américas.
No Paraná, até o presente momento, a fauna desses insetos é representada por 43 espécies, com maior distribuição nas regiões norte e noroeste, onde a leishmaniose tegumentar americana é considerada endêmica. Dentre essas espécies, pelo menos seis são dotadas de importância epidemiológica. Isso se caracteriza por dois motivos: pelo fato de já terem sido encontradas naturalmente infectadas por protozoários do gênero Leishmania, e por serem susceptíveis a infecção e/ou transmissão do agente etiológico em estudos de laboratório.
Na região Sul do Brasil, o Paraná é o que mais apresenta casos de leishmaniose. Somente no período de 2000 a 2005 foram registrados 4.582 casos, numa média de 763 por ano. (AEN)