A balança não está pendendo e muito menos sendo equilibrada pelos antropólogos, quando o assunto em análise é o socioambiental. Sem culpar os cientistas naturais, que estariam dominando mais as discussões do campo ambiental, o antropólogo Antônio Carlos Diegues, da Universidade de São Paulo, fez um discurso em tom de alerta durante a Reunião Brasileira de Antropologia, em Olinda. “Os antropólogos, nessas questões ambientais, precisam se movimentar e de forma rápida. Estamos atrasados nesse debate”, disse Diegues. O pesquisador, que estuda comunidades tradicionais não indígenas, lembra que, nos anos 80s, quando o assunto meio ambiente surgiu, os trabalhos que apareceram em grande número eram assinados essencialmente por biólogos. “Isso se deve muito ao fato de os antropólogos terem uma resistência a incorporar a natureza em seus estudos. Isso precisa ser revisto, mesmo porque, em vários casos, os trabalhos dos cientistas sociais também não consideram a presença da sociedade”, disse. “Uma análise rápida das discussões sobre acesso ao conhecimento tradicional revela que as comunidades não indígenas estão até certo ponto sendo ignoradas do debate.” Isso ocorre, segundo o pesquisador, principalmente pela falta de ativismo social dos antropólogos que trabalham nessa área e pela desarticulação que existe entre as próprias comunidades. Diegues ressalta que pesquisas sobre as comunidades indígenas têm deixado de ser feitas apenas nas grandes universidades. “Os estudos sobre comunidades quilombolas, ribeirinhos da Amazônia, caiçaras, pantaneiros e povos do sertão estão aumentando nos últimos dez anos. E isso tem ocorrido principalmente em centros locais, como as universidades da Amazônia”, disse.
Desarticulação antropológica
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