A alegria pela compra do computador tem se convertido rapidamente em pesadelo para alguns curitibanos. Erros humanos e oscilações na rede elétrica são as causas mais comuns da queima da fonte de alimentação, componente essencial no micro e que fornece a energia para que ele funcione. A constatação do aumento na queima desse componente é de uma assistência técnica da capital que, antes de fevereiro deste ano, atendia em média um caso por dia e agora viu a demanda aumentar para até vinte fontes substituídas semanalmente.
Segundo o auxiliar técnico Thierry de Oliveira Lacombe, a ocorrência varia de semana para semana. ?Às vezes atendemos mais casos, mas a média fica em três por dia mesmo. O estranho é que esse aumento começou a partir de fevereiro?, afirmou. De acordo com ele, os motivos mais comuns para a queima são o desligamento abrupto da máquina e as oscilações de energia. ?Muitos dos usuários não desligam o computador corretamente e interrompem o funcionamento quando a máquina está a todo o vapor. Recomendamos sempre que o desligamento seja feito via software, no comando ?desligar??. Para o auxiliar, o problema das oscilações pode ser resolvido com o uso de um estabilizador ou no-break. ?Agora estamos recomendando para nossos clientes a compra do estabilizador junto com o micro para evitar problemas no futuro?, concluiu.
A opinião de Thierry é compartilhada pelo professor da Área Elétrica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Severino Cervelin. De acordo com ele, além dos equipamentos de segurança, o consumidor pode reforçar a precaução com uma instalação elétrica adequada. ?A tomada de três pinos, com fio terra, diminui a chance de queimas de componentes eletrônicos?.
O professor acrescenta que a qualidade do equipamento é crucial para o bom funcionamento do computador. ?Quando o consumidor compra um computador de marca, daqueles prontos, fica difícil verificar peça por peça a origem e certificação. No caso das fontes de alimentação o recomendado é sempre procurar o selo do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro). É uma segurança a mais embora já tenham sido identificados componentes elétricos com o selo, mas que deram problemas com o uso?, acrescentou. Para Severino, o grande problema é que, no Brasil, faltam laboratórios onde o cliente possa testar o equipamento que está adquirindo.
Copel é responsável, diz Procon
A queima de aparelhos eletrônicos por oscilação na rede de energia elétrica é de responsabilidade da Companhia Paranaense de Energia (Copel). A afirmação é da chefe da divisão jurídica da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), Marta Favreto Paim. ?Logicamente que para ressarcimento de qualquer incidente tem que ser feito um laudo técnico da própria assistência ou de um engenheiro elétrico?, disse ela. Como qualquer prestadora de serviço, a Copel estaria enquadrada nas normas do Código de Defesa do Consumidor. Segundo Marta, em caso de problemas para obter o pagamento pelo bem estragado, o prejudicado deve procurar o Procon. ?Aqui abrimos uma queixa e tentamos resolver a situação de maneira conciliada. Caso seja impossível, orientamos que o consumidor entre na Justiça?, concluiu.
A emissão de laudo técnico ainda não é praxe nas assistências. Segundo Thierry Lacombe, muitos clientes inclusive deixam de pedir o documento. ?Muitos consideram a queima da fonte normal e por isso nem sabem que podem ser ressarcidos?, disse.
A Copel, através de sua assessoria de imprensa, informou que vai averiguar possíveis problemas de oscilação na rede elétrica em Curitiba, mas descartou aumento no problema a partir de fevereiro. De acordo com a empresa, o aumento na venda de computadores e a baixa qualidade das fontes fabricadas na China, que equipam a maioria dos computadores, podem ser explicações para o aumento nas queimas. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Copel cumpriu as metas de qualidade para distribuição de energia elétrica na capital durante o primeiro trimestre de 2007.