São Paulo (Agência Fapesp) – Desde meados da década de 1990, a Escola Superior de Agricultura ?Luiz de Queiroz? (Esalq), em Piracicaba (SP), desenvolve substâncias capazes de atrair e capturar insetos, de modo a garantir maior produtividade agrícola. Desde então, com a expansão dos estudos nessa área do conhecimento, a instituição muitas vezes era obrigada a realizar experimentos científicos em parceria com outros países devido à falta de um espaço exclusivo para esse tipo de pesquisa no País.
Para suprir essa forte demanda nasceu o Laboratório de Comportamento de Insetos, inaugurado no final do ano passado pelo departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Animal (LEF) da Esalq. Segundo seu coordenador, José Maurício Simões Bento, o laboratório seguirá duas linhas de pesquisa para o manejo de pragas na agricultura: o estudo dos feromônios, substâncias químicas utilizadas para a comunicação entre insetos da mesma espécie, e das substâncias voláteis de plantas, usadas para a comunicação entre indivíduos de espécies diferentes.
?O Brasil tem boa tradição no desenvolvimento de feromônios, devido principalmente às parcerias com institutos de pesquisa internacionais?, disse Bento. ?Esse tipo de pesquisa possibilita o monitoramento das pragas para o uso racional dos inseticidas, permitindo, em alguns casos, a eliminação total dessas substâncias tóxicas nas plantações?, explica.
Segundo ele, dois exemplos que vêm registrando resultados satisfatórios na prática agrícola nacional tiveram origem na sintetização dos feromônios de duas importantes pragas que afetam os citros: o minador-dos-citros (Phyllocnistis citrella) e o bicho-furão (Ecdytolopha aurantiana).
No caso do bicho-furão, pesquisadores da Esalq criaram há pouco mais de quatro anos, em parceria com professores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, e da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, uma armadilha que contém uma pastilha impregnada pelo feromônio emitido pelas fêmeas dos insetos.
Atraídos pelo odor, os machos morrem ao ficar grudados em uma membrana adesiva da armadilha, que é capaz de quantificar a presença dos insetos e indicar o momento exato e o lugar onde o inseticida deve ser aplicado. O pesquisador afirma que o único problema desse tipo de tecnologia, desenvolvida em parceria com institutos de pesquisa internacionais, é a obtenção de patentes.
?Em tese, a autoria das patentes deve ser dividida entre os parceiros. Mas, em alguns casos, estamos correndo o risco dela ser concedida com exclusividade ao parceiro do exterior?, aponta.