Cientistas brasileiros descobriram uma nova fonte de células-tronco do cordão umbilical humano que poderá alterar a maneira como esse material é tratado nas salas de parto dos hospitais. Muitos serviços já oferecem o congelamento do sangue do cordão, que contém células-tronco hematopoéticas (precursoras das células sanguíneas) e pode ser usado em transplantes de medula para o tratamento de doenças como a leucemia. O cordão umbilical em si é jogado fora. A nova pesquisa, porém, mostra que ele está repleto de células-tronco de outro tipo, chamado mesenquimal, também com grande potencial terapêutico.

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?O recado fundamental é ?não jogue fora o cordão??, diz a geneticista Mayana Zatz, que coordenou a pesquisa na Universidade de São Paulo (USP). As células-tronco mesenquimais (CTMs) estão entre as mais versáteis das células-tronco adultas (de origem não embrionária). Podem formar osso, gordura, cartilagem, músculo e até neurônios, segundo alguns trabalhos. Muitos cientistas esperam um dia aproveitar essa plasticidade no tratamento de doenças e lesões – por exemplo, na recuperação de corações enfartados e na reconstrução de tendões e ossos.

As pesquisas, porém, necessitam de uma quantidade grande de células. No organismo adulto, as CTMs são encontradas em vários tecidos, mas principalmente na medula óssea e no tecido adiposo (gordura) – tanto que muito material para estudo é obtido em clínicas de lipoaspiração. As células podem também ser obtidas de pacientes por punção da medula óssea, mas este é um método invasivo e com possíveis complicações.

O cordão umbilical aparece agora como uma opção farta, indolor e de fácil obtenção. Bastam 10 centímetros (o cordão humano tem em média 40 cm) para obter uma grande quantidade de células-tronco mesenquimais, segundo Mariane Secco, primeira autora do trabalho que fez a pesquisa como parte de seu doutorado no Centro de Estudos do Genoma Humano da USP.

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Os resultados da pesquisa, anunciados ontem, foram publicados na revista Stem Cells, uma das mais prestigiadas da área. Os pesquisadores trabalharam com dez cordões e conseguiram estabelecer linhagens de CTMs a partir de todos eles. Já no caso do sangue de cordão, o rendimento foi muito inferior: das mesmas dez amostras, só uma apresentou células-tronco mesenquimais (o que não invalida seu potencial como fonte de células-tronco hematopoéticas).