Célula-tronco humana faz camundongos andar

Em mais uma prova de seu potencial terapêutico, células-tronco humanas foram capazes de formar novos neurônios na medula espinhal de camundongos parcialmente paralisados. Seis semanas após o transplante das células, os animais recuperaram a capacidade de se locomover por meio de passos coordenados entre as patas da frente e de trás. Os resultados reforçam a esperança de que, no futuro, as células-tronco poderão ser usadas na recuperação de pessoas paralíticas.

O estudo foi feito com camundongos que tiveram a medula espinhal intencionalmente lesionada para simular uma situação de paraplegia (paralisia dos membros inferiores, ou posteriores). Divididos em grupos, alguns receberam uma aplicação de células-tronco humanas adultas, provenientes do cérebro de fetos abortados de 16 semanas. Segundo os cientistas, as células não só migraram para o local da lesão, mas diferenciaram-se em neurônios e oligodendrócitos – as células de mielina que protegem os neurônios, assim como uma capa de borracha protege fiações elétricas.

Com isso, a rede de comunicação entre o cérebro e as patas traseiras – que estava danificada – foi parcialmente restaurada, permitindo que os camundongos recuperassem suas habilidades motoras. ?Não foi uma cura de 100%, mas eles recuperaram a capacidade de caminhar de maneira coordenada, o que não é trivial?, disse ao Estado o pesquisador Brian Cummings, da Universidade da Califórnia em Irvine. Ele é o primeiro autor do estudo, publicado na revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. ?É mais um trabalho a favor do grande potencial das células-tronco?, disse o pesquisador brasileiro Tarcisio Barros, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que também trabalha com células-tronco para a recuperação de lesões medulares. Em seu projeto, 30 pacientes paralíticos receberam injeções de células-tronco retiradas do próprio sangue. Entre um e dois anos depois, 18 deles já demonstram recuperação de sensibilidade – nesse caso, uma medida da capacidade de transmissão de um pulso elétrico entre o cérebro e os membros inferiores.

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