Cegueira é curada com implante de dente

Durante nove anos, Sharron “Kay” Thornton ficou completamente cega, e, no final, uma cirurgia inédita nos Estados Unidos, utilizando um dente, restaurou a sua visão. A mulher de 60 anos fez parte de um experimento na Universidade de Miami, em que um dente canino foi implantado em um de seus olhos, funcionando como a base para uma lente artificial.

Após duas semanas, a visão de Thornton é de 20/70 sem lentes corretivas, de acordo com Victor Perez, professor de oftalmologia da Universidade.

Thornton trabalhava como gerente de um restaurante e tem três filhos, e perdeu a visão em 2000 devido à síndrome de Stevens-Johnson. Esta doença rara é causada por uma reação intensa a medicamentos ou a uma infecção, fazendo com que a pele e mucosas fiquem com erupções que podem acabar por “matar” a pele – e, no caso de Thornton, matou sua córnea.

Ela também perdeu o cabelo, as unhas e grande parte de sua pele devido à doença, que depois foi revertida, mas a sua visão ficou comprometida para sempre. Devido à gravidade do seu caso, Thornton não podia fazer transplantes de córnea nem procedimentos utilizando células-tronco.

O procedimento realizado em Thornton já foi feito aproximadamente 600 vezes em todo o mundo, mas esta foi a primeira vez que foi realizado nos Estados Unidos. Para realizar a cirurgia, é retirado do paciente um dente e parte de seu maxilar. O dente e o osso são esculpidos e recebem um buraco, onde é colocada a lente que é utilizada como um olho. Depois, isto é colocado dentro do peitoral do paciente durante vários meses, fazendo com que o dente e as lentes fiquem ligadas, e então isto é transplantado para o olho do paciente.

De acordo com Perez, que também chefiou a cirurgia, o procedimento com o dente foi necessário no caso de Thornton porque seu olho é muito seco, e não suportaria um transplante com plástico.

Apesar do sucesso do procedimento em Thornton, muitos médicos não se convencem da utilidade da cirurgia, que é muito difícil e longa. Além disso, o resultado das cirurgia desfigura o rosto do paciente. Ivan Schwab, da Academia Americana de Oftalmologia, nos Estados Unidos, é cético quanto à cirurgia, pois ela requer uma grande equipe médica e muitos procedimentos. “Mas, em defesa dos cirurgiões, eles trabalham com pessoas que não têm outras alternativas”, diz.

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