continua após a publicidade

 Casal de astrônomos brasileiro detectam explosão estelar.

A detecção da explosão estelar mais antiga do Universo, ocorrida 13 bilhões de anos atrás, foi protagonizada por um casal de astrônomos brasileiros do Observatório Austral para a Pesquisa em Astronomia (Soar) – telescópio operado em parceria pelo Brasil e pelos EUA nos Andes chilenos. Mas nenhum dos dois estava na base do telescópio. Nem mesmo olhava para o céu durante esse momento histórico.

Na noite do dia 4 de setembro, um domingo, Eduardo Cypriano, de 34 anos, e Elysandra Figuerêdo, de 32, estavam na cidade de La Serena, a 96 quilômetros do topo do Monte Pachón, onde foi erguido o telescópio Soar. Ele fazia plantão no escritório do consórcio Brasil/EUA. Ela estava de folga em casa.

No mundo da astronomia, praticamente todo o trabalho é feito a distância. Naquela noite inicialmente tranqüila, Cypriano foi acionado – por videoconferência – pela equipe de astronomia da Universidade da Carolina do Norte, um dos parceiros americanos do Brasil no telescópio, com a mensagem de que um satélite da Nasa havia recebido sinais de algo que poderia ser uma explosão no Universo. Cypriano, por sua vez, acionou – também por videoconferência – os técnicos chilenos que comandam o Soar.

continua após a publicidade

Enquanto observava os funcionários girando o telescópio para a direção indicada, o astrônomo brasileiro entrou em contato – agora por telefone -com a mulher. Na equipe, Elysandra é a responsável pelo aparelho que ?limpa? as fotografias que o telescópio tira do Universo. Por telefone, ela deu as instruções para que o marido captasse, sem interferências as imagens da explosão que levou 13 bilhões de anos para ser observada da Terra.

?Naquele momento, eu coletava imagens para um dos projetos que vêm do mundo inteiro. Tive de parar tudo?, lembra Cypriano.

continua após a publicidade

Cruzeiro do Sul

O interesse de Cypriano pela astronomia começou aos 14 anos, quando ganhou de presente um atlas do Universo. Foi então que aprendeu a olhar para o céu da cidade de São Paulo e a identificar a constelação do Cruzeiro do Sul. ?Eu morava perto do Morumbie sempre tentava enxergar as estrelas?, lembra ele.

Elysandra diz que o interesse pelo céu foi despertado pelos bons professores ela teve na ?escola pública?, frisa ela, que cresceu em São Vicente, litoral paulista. ?Tive uma infância muito humilde. Meu telescópio era o meu olho?, ri.

Ambos se formaram em Física e se conheceram durante uma pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP). Casaram-se há seis anos. Por coincidência, Cypriano e Elysandra foram mandados para o Chile nesta mesma época, no início do ano passado. Ele havia sido selecionado por um concurso do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, para ser o primeiro astrônomo residente do telescópio Soar. Elysandra viajou para os Andes para fazer uma pesquisa sobre a formação de estrelas massivas num telescópio americano vizinho do Soar. Pouco tempo depois, ela acabou sendo contratada para atuar no projeto brasileiro.