Um dos mais extensos levantamentos sobre a idade do carbono radioativo em única bacia de drenagem da região amazônica está publicado na edição de quinta-feira da revista Nature. O carbono usado nos processos de fotossíntese que ocorre na Amazônia é muito mais jovem do que se imaginava. O trabalho mostra que entre a decomposição e a utilização das moléculas de carbono não se passaram mais do que cinco anos.
"O ponto mais importante desse estudo é mostrar o fato de o CO2 dissolvido nas águas ter uma idade muito recente", explica Alex Krusche, do Laboratório de Ecologia Isotópica do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz, uma das unidades da Universidade de São Paulo, localizada em Piracicaba, interior de São Paulo. "Estudos prévios falharam em demonstrar a rápida reciclagem do carbono das florestas porque não dataram esse gás do efeito estufa ao ser, literalmente, exalado pelos organismos nos rios", contou Krusche. O pesquisador participou do trabalho publicado na Nature, que tem como autor principal Emilio Mayorga, da Escola de Oceanografia da Universidade de Washington, em Seattle, nos Estados Unidos.
O elo agora descoberto tem uma aplicação prática muito direta. "Em uma época em que se discute negociar créditos de carbono como uma forma de mitigar os efeitos das alterações antropogênicas, saber quanto e, mais importante ainda, onde e por quanto tempo podemos estocar carbono torna-se crítico", avalia Krusche. Na pesquisa, foi usada a comparação entre os isótopos C14 e C13.