Canto de pássaros ajuda compreender fala humana

A forma como os machos de alguns pássaros ouvem, armazenam e processam sons que, mais tarde, vão ser reproduzidos em seu cantos para atrair as fêmeas, pode ser útil para entender quais estruturas do cérebro e quais genes são importantes para o processo de aprendizagem vocal desses animais e, talvez, até do homem.

Em outras palavras, entender como certos pássaros, como os canários e os mandarins, aprendem a cantar pode ser um passo importante para compreender como o homem domina o processo da fala. ?O chamado circuito do canto dos pássaros é um bom modelo para esse tipo de estudo?, afirma o neurobiologista molecular Claudio Mello, da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, um brasiliense que há quase 15 anos mora nos Estados Unidos.

Mello, um dos cientistas brasileiros radicados no exterior mais envolvidos no projeto de criação do Instituto Internacional de Neurociência de Natal, deu uma palestra na última sexta-feira, durante o terceiro dia do Simpósio Internacional de Neurociência, na capital do Rio Grande do Norte.

Pesquisas feitas pela equipe de Mello, que chefia um laboratório na universidade norte-americana, mostram que pelo menos quatro genes são ativados meia hora depois de um canário ou mandarim ouvir o canto de um outro membro de sua espécie. O dado é um indício de que o processo de armazenamento daquela informação sonora é relativamente demorado no cérebro desses pássaros. ?Esses genes devem regular a expressão (ativação) de outros genes, que também devem estar envolvidos no processo de aprendizagem e aprimoramento das vocalizações?, disse.

Também é possível que tais genes estejam, de alguma forma, ligados às alterações anatômicas que ocorrem no cérebro dos machos dessas espécies, na época em que passam a cantar para atrais as fêmeas. De forma simplista, pode-se dizer que algumas regiões do cérebro dos pássaros machos se expandem nesse período de cantoria. Quando os pássaros param de cantar, essas áreas deixam de ser ativadas e se retraem. O mesmo não ocorre com as fêmeas, que não cantam e não apresentam essas peculiaridades anatômicas em seu cérebro.

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