Quem tem o hábito de acompanhar futebol certamente já deve ter reparado o quanto o esporte vem evoluindo tecnologicamente. Se até algum tempo atrás as camisas eram feitas de algodão (que seguravam o suor e as deixavam pesadas), as bolas eram capotão (pesadas) e as chuteiras mais pareciam botas ortopédicas (algumas chegavam a ter biqueira de aço e cano alto), hoje esse cenário é bem diferente.
As empresas de materiais esportivos investem cada vez mais tempo e dinheiro para fazer com que seus produtos ofereçam mais qualidade aos atletas, com a promessa de melhorar o seu desempenho.
Um exemplo disso é a camisa da Seleção Brasileira, desenvolvida pela Nike. Para a Copa da África, os nossos atletas utilizaram uma camisa feita o material das garrafas pet.
Seguindo uma tendência da empresa chamada “Considered Design”, esse conceito é o de criar produtos utilizando materiais ecológicos e sustentáveis, sem se esquecer de oferecer vantagens aos atletas.
“Os uniformes mantêm os jogadores mais secos, frescos e confortáveis, permitindo que eles tenham o melhor desempenho em campo”, diz o diretor de marketing da Nike Brasil, Tiago Pinto.
A camisa do Brasil e de outras seleções patrocinadas pela empresa, como Holanda, Portugal e Estados Unidos utilizou também o tecido Dri-Fit (tecido que extrai para a roupa e evapora com mais facilidade) mais moderno, sendo 13% mais leve que os antigos uniformes da Nike. Foram criadas zonas de ventilação (200 buracos minúsculos cortados a laser, apoiados em um mecanismo que evita rasgos) para melhorar o fluxo de ar.
A Adidas, presente em 12 seleções que disputaram a Copa (Alemanha, França, Argentina, Espanha, etc.) e a criadora da bola Jabulani, apostou na personalização para agradar aos atletas.
Eles tiveram a disposição uniformes com a tecnologia ForMotionÖ, cuja característica é a de se adaptar melhor ao corpo, a ClimaCool®, que trabalha considerando como e onde o corpo produz mais calor e suor, e coloca um tecido específico nas referidas zonas, melhorando a ventilação do corpo para manter o atleta em sua temperatura ideal durante o treino e competição.
As camisas da Adidas também contam com uma tecnologia inédita, batizada de TECHFITÖ PowerWEB, que garante ao atleta uma melhor performance sob qualquer condição climática.
De acordo com informações da assessoria de comunicação da Adidas no Brasil, testes comprovaram que a TECHFITÖ PowerWEB aumenta o poder de um jogador em 5,3%, altura do salto em 4%, velocidade de sprint em 1,1% e 0,8% de resistência aumentada. A camisa representará ainda cerca de 40% de redução do peso do tecido em relação ao atleta que vestir uma camisa normal e outra por baixo.
Clubes
O supervisor de desenvolvimento das marcas Reebok e Olympikus, que vestem os clubes São Paulo, Internacional, Cruzeiro (Reebok) e Flamengo (Olympikus) Fernando Costa, conta que as camisas utilizam uma série de tecidos para garantir que os jogadores possam se sentir mais confortáveis na hora do jogo.
“A Reebok utiliza a tecnologia Play Dry e a Olympikus usa a Dry Action e ambas têm o mesmo princípio. Usamos tecidos como poliéster, poliamida, elasteno, entre outros, mas os mais utilizados são a combinação do poliéster com elasteno. Isso garante ao jogador que o corpo fique mais seco, uma vez que com o corpo suado, o atleta precisa de mais energia para aquecê-lo. Com estas camisas, ele consegue manter a temperatura corporal e, consequentemente, evitar o desgaste”, afirma. Para garantir a qualidade do material, Costa revela que o produto passa por diversos testes até chegar ao atleta e ao consumidor.
“Realizamos testes nas fábricas e também com os jogadores. Há teste de lavagem, rasgo, torção, migração de cores, entre outros. O tecido utilizado levou um ano de estudos e está há três no mercado. É um material único e você não encontra similar. Agora estamos trabalhando para a evolução deste material. O novo estará disponível já para 2011”, garante.
A Umbro, que estampa a sele&ccedi,l;ão inglesa e os clubes brasileiros Santos e Atlético-PR, também investe tempo e dinheiro para desenvolver melhores materiais, principalmente para a Inglaterra, o principal cliente da marca.
“Chamamos o melhor alfaiate da Inglaterra e fizemos o uniforme sob medida para os atletas. Usamos material flexível e uma combinação de três tecidos, para que a camisa fosse uma segunda pele do jogador. Na parte frontal usamos fibra de algodão e poliéster, para diminuir o impacto da bola, nas costas e axilas usamos um produto para garantir uma maior ventilação e nas mangas tem o elastano, que é bom para mobilidade e performance”, explica a gerente de produtos da Umbro, Marília Ramos.
Para chegar nesse grau de tecnologia, a empresa desenvolveu um programa para atingir o máximo de precisão. “Nós fomos os pioneiros em criar um boneco em três dimensões. Isso nos possibilitou saber melhor como funciona o corpo. Por exemplo, que movimento faz a omoplata quando o jogador corre, como o músculo se comporta ao pular, entre outros. O resultado é o peso da camisa da Inglaterra: apenas 190 gramas”, conta.
Jabulani, tecnologia que não agradou a todos
Como não poderia deixar de ser, a bola utilizada para a Copa do Mundo também é recheada de modernidade e com uma inovação radical. Composta por apenas oito gomos em 3-D e soldados termicamente, a Jabulani (celebrar no idioma Bantu isiZulu) contém ranhuras, denominadas de aero grooves, que deixam o perfil mais limpo na superfície da bola.
A Adidas, criadora da Jabulani, garante que a bola tem características inigualáveis, como estabilidade e voo. Para chegar neste resultado, a empresa fez testes de comparação global da Universidade de Loughborough, na Inglaterra, em vários controles de túnel de vento e no laboratório de futebol da Adidas em Scheinfeld, Alemanha.
A Adidas garante ainda que a bola possui uma textura futurística com um controle completo da bola por parte do jogador sob qualquer condição climática. A empresa testou a bola com diversos atletas de clubes como Bayern de Munique e Milan, para testar a estrutura da superfície e também da composição do material.
Para a grande final, uma variação da bola será utilizada. Será a Jo’bulani, cujo nome foi inspirado na cidade de Joanesburgo, sede da grande final, que também é conhecida como Jo’burg. Ainda que muitos atletas tenham criticado inicialmente a bola, a Adidas garante que ela é o que há de mais moderno no mercado.
Para a Copa de 2014, no Brasil, a assessoria de comunicação da empresa garante que já estão trabalhando para desenvolver uma bola a ser utilizada na competição. (FL)