Boa parte do mundo – especialmente o Brasil, o oeste dos Estados Unidos e a região do Mediterrâneo – irá sofrer secas mais prolongadas, fortes tempestades e ondas de calor mais duradouras durante os próximos cem anos devido ao aquecimento global, previu um novo estudo realizado por cientistas do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR) dos EUA, da Universidade do Texas e do Centro de Pesquisas do Bureau de Meteorologia da Austrália.

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O novo estudo, chamado Indo aos Extremos, aparecerá na edição de dezembro do periódico Climatic Change. Muitos estudos anteriores analisaram como a temperatura média ou a média de chuvas poderão mudar no próximo século, à medida que a concentração dos gases do efeito estufa aumenta. Esta nova pesquisa olha, com mais atenção, para os chamados eventos extremos.

"São os extremos, não as médias, que causam a maior parte do dano à sociedade e a muitos ecossistemas", diz a cientista do NCAR, Claudia Tebaldi, principal autora do estudo. "Temos agora o primeiro consenso baseado em modelos climáticos sobre como o risco de ondas de calor, chuvas intensas e outros tipos de fenômeno extremo mudarão no próximo século".

Ela destacou que as regiões mais afetadas serão o Brasil, o oeste dos EUA e os países mediterrâneos. Este trabalho é uma das primeiras análises a se basear nas simulações de computador executadas, recentemente, para o Comitê Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC). O próximo relatório do IPCC deverá ser divulgado em 2007.

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Tebaldi e seus colegas basearam o trabalho em simulações de nove diferentes modelos do clima para os períodos 1988-1999 e 2080-2099. As simulações foram criadas em supercomputadores de centros de pesquisa da França, Japão, Rússia e EUA. Cada modelo simulou o período 2080-2099 três vezes, variando o nível de acumulação de gases do aquecimento global na atmosfera.

Em todos os cenários, os modelos concordam que, entre 2080 e 2099, o número de noites extremamente quentes e a duração das ondas de calor aumentarão de forma significativa sobre todas as massas de terra do globo. Durante as ondas de calor, noites quentes são especialmente perigosas, porque as pessoas têm menos oportunidade de se refrescar.

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A maioria das áreas acima dos 40º de latitude norte verão um salto importante no número de dias com chuva pesada, acima de 1 2 cm. Isso inclui a maior parte da Europa. Com o mundo aquecendo haverá mais chuva na faixa tropical do Oceano Pacífico, e isto alterará o fluxo de ar para certas áreas, assim como ocorre hoje com as oscilações climáticas causadas pelo El Niño, disse um dos autores do estudo, Gerald Meehl. Essas mudanças afetarão o oeste dos EUA, a Austrália e o Brasil, apesar de o El Niño ocorrer na costa leste da América do Sul.

Muitas dessas tendências perde bastante força no cenário de baixas emissões de gases do efeito estufa, em comparação com os cenários moderado e alto. Os autores sugerem que a redução nas emissões poderá, portanto, reduzir os riscos de ocorrência dos eventos mais catastróficos.