Os governos do mundo estão levando em conta o valor econômico da natureza na formulação de políticas. Em especial, o Brasil e a Índia estão entre aqueles que desejam utilizar os resultados de uma análise apoiada pela ONU, o projeto “A economia dos ecossistemas e biodiversidades” (ECB).
A abordagem do ECB é útil para fazer os países compreenderem as implicações da perda da biodiversidade, e também o retorno do investimento em termos de conservação da biodiversidade.
Segundo os desenvolvedores do ECB, a primeira coisa que os governos devem fazer é realizar equivalentes nacionais do estudo ECB global, para analisar o valor real dos serviços do ecossistema para as suas economias.
Os especialistas dizem que as nações devem se concentrar em idéias de aplicação, ou seja, em como transformar as conclusões do estudo em políticas reais. Eles afirmaram que, até agora, 27 governos, da África, da América Latina e um da Ásia, se aproximaram da equipe pedindo ajuda para tornar as suas economias mais “ecológicas”.
Muitos destes querem trazer os resultados globais do ECB para seu contexto nacional, sendo que o Brasil e a Índia estão na vanguarda desses países. O Ministro do Ambiente e Florestas da Índia afirmou que seu país planeja uma avaliação da economia nacional ao longo das linhas do ECB.
O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente do Brasil disse que o país também está interessado no ECB para uma mudança de direção. Segundo ele, a tradição de muitos países, inclusive o Brasil, tem sido a regulação através de instrumentos de comando e controle. O ECB é uma possibilidade de trabalhar mais com as medidas de incentivo e fazer com que diferentes setores acompanhem a economia ecológica.
A União Européia também apóia os princípios do ECB. Eles também desejam realizar estudos nessa linha. Segundo a secretaria de Meio Ambiente do Reino Unido, o governo vai financiar a implantação do relatório em todo o mundo para comunicar a mensagem central de que, economicamente, temos que tomar medidas para reduzir a perda de nosso ambiente natural antes do custo se tornar alto demais.
Enquanto um número de países, incluindo o Brasil e a Índia, possuem sistemas de conservação de florestas, a implantação da visão do ECB ajudaria a reformar profundamente o ramo de incentivos econômicos e fiscais.
Segundo os especialistas do projeto, as medidas de incentivo devem ser feitas rapidamente. Por exemplo, grandes subsídios são dados à produção de petróleo e gás, sobretudo em países mais ricos. Certamente, eles não precisam desse subsídio.
Ou seja, gradualmente, o ideal era reduzir e eliminar esses subsídios, porque se queremos que as empresas tenham uma consciência ecológica com custo menor para a sociedade, a primeira coisa que temos que fazer é deixar de privilegiar aqueles que não têm essa consciência.
Apesar de muitos países em desenvolvimento apoiarem o conceito ECB, facções políticas podem impedir a aprovação de tal visão em países mais desenvolvidos. Há um projeto que previa que os países concordassem em incorporar valores de biodiversidade nas suas contas nacionais até 2020, eliminando subsídios prejudiciais para a biodiversidade, mas por enquanto, nada foi acordado.
Fonte: Brasil quer adotar medidas econômicas mais ecológicas