São Paulo (Agência Fapesp) – Experimentos que têm como objetivo levar ao desenvolvimento de uma vacina contra a picada do escorpião amarelo (Tityus serrulatus) estão sendo realizados em Belo Horizonte por pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias (Funed) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Carlos Chávez-Olórtegui, professor da UFMG e coordenador dos trabalhos, destaca que não existe no mundo uma vacina contra picadas de escorpião. No caso brasileiro, o alvo foi o amarelo.
?O Tityus serrulatus é a espécie responsável pela maioria dos envenenamentos por picadas desse animal no Brasil, sobretudo em São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais, este último responsável por mais de 50% dos casos notificados. No total, são mais de 20 mil casos por ano em todo o País, sendo que a mortalidade atinge cerca de 1,5% desse total?, disse.
Atualmente, a Funed e o Instituto Butantan, em São Paulo, produzem soros para tratar pessoas picadas pelo animal. O objetivo dos estudos feitos em Minas Gerais é desenvolver anticorpos protetores in vivo (vacinas) com potencial de uso terapêutico, visando a aplicações preventivas. ?O indivíduo teria anticorpos no organismo antes de ser picado, que neutralizariam os efeitos das toxinas?, explicou Chávez-Olórtegui.
No estudo, o veneno do escorpião amarelo foi dividido em componentes letais, tóxicos e não-tóxicos. Apesar de apresentar características que a assemelham aos componentes tóxicos, os pesquisadores se concentraram na proteína TsNTxP (Tityus serrulatus non-toxic protein), após a comprovação, por meio de análises farmacológicas, de que ela não é tóxica.
?A TsNTxP é muito parecida com toxinas do veneno do escorpião, mas alguns aminoácidos, que não estão presentes na proteína, fazem com que ela perca seu grau de toxicidade?, disse Chávez-Olórtegui. Os pesquisadores injetaram doses da TsNTxP em camundongos, que não morreram após receberem uma quantidade da proteína equivalente a duas picadas do escorpião amarelo.