Curitiba (AE) – O Brasil é o país com a maior biodiversidade do planeta. Mas é também aquele com o maior desconhecimento científico sobre seus recursos. Segundo a Avaliação do Estado do Conhecimento da Biodiversidade Brasileira divulgada em Curitiba, as cerca de 200 mil espécies já registradas no Brasil representam apenas 10% do número total estimado para o País.
Além disso, apenas 1% dessas espécies registradas são, de fato, conhecidas em profundidade pela ciência -as outras 99% são pouco mais do que nomes numa lista, segundo o gerente do Programa de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias.
O relatório, coordenado pelo pesquisador Thomas Lewinsohn, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi divulgado na 8.ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), em Curitiba. Os dados, segundo Dias, representam o enorme desconhecimento que ainda existe sobre a biodiversidade do Brasil e do mundo.
Assim como a necessidade de aumentar urgentemente os esforços de pesquisa voltados para descrição e classificação de espécies (taxonomia). ?Se continuarmos na velocidade que estamos é um trabalho que levará alguns séculos?, disse. ?Precisamos acelerar os esforços, mas não podemos esperar conhecer tudo para começar a tomar decisões.?
Parte do problema é a falta e a má distribuição de pesquisadores. ?Como um país tropical megadiverso, o Brasil não escapa da situação comum de muita diversidade e poucos taxonomistas?, diz o relatório. ?Se os taxonomistas fossem distribuídos de acordo com a biodiversidade, o Brasil deveria ter um quinto ou um quarto dos taxonomistas do mundo, o que não é verdade.?
O levantamento mostra que os pesquisadores dessa área no Brasil são poucos e estão densamente concentrados no Sudeste. De um total de 216 cientistas, 58 estão no Estado de São Paulo (26%) e 43, no Rio (20%).
Recomendações
Pelo menos duas grandes iniciativas foram lançadas em Curitiba para tentar reverter esse quadro. Sob a coordenação do Brasil, centenas de pesquisadores produziram um documento com 30 recomendações globais para o aumento do conhecimento da biodiversidade e a melhor distribuição do conhecimento entre as nações.
