Nos seres vivos, os ribossomos desempenham um papel fundamental para a formação das essenciais proteínas. São eles os responsáveis por traduzir a informação genética disponível nas fitas do RNA mensageiro para a montagem das inúmeras moléculas protéicas.
Ao descobrirem duas estruturas inéditas em alguns ribossomos do parasita Trypanosoma cruzi, o causador do mal de Chagas, pesquisadores do Instituto Médico Howard Hughes, nos Estados Unidos, e da filial da mesma instituição em Buenos Aires acabam de dar um passo importante em direção ao desenvolvimento de uma nova droga para o combate da doença.
?Em reconstruções dessas estruturas celulares, seja de uma levedura, de um coelho ou do próprio ser humano, a arquitetura que se tinha era sempre a mesma. A impressão é que bastava ver um ribossomo para saber como eram os demais. Enxergar agora algo diferente é uma grande surpresa?, disse Joachim Frank, principal autor do estudo, que trabalha nos Estados Unidos. A pesquisa está publicada na edição on-line da Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
A partir de técnicas recentes de microscopia eletrônica, os pesquisadores identificaram uma espécie de torre com um cone sobre ela em uma das subunidades do ribossomo. Ainda não se sabe o exato propósito da existência dessas estruturas, mas os cientistas estão com uma forte suspeita. Para eles, o processo que ocorre no local deve ser decisivo para que os produtos moleculares sejam danificados. ?É bastante provável que seja um mecanismo único de leitura das informações genéticas?, acreditam os autores do estudo.
A doença de Chagas, segundo a Organização Mundial de Saúde, existe apenas nas Américas. O parasita é transmitido ao humano pelo barbeiro, inseto que se alimenta de sangue. Na América Latina estima-se a existência de 16 milhões a 18 milhões de pessoas infectadas. As complicações cardíacas da doença podem matar, em determinadas ocasiões, até 30% da população contaminada.