Uma das mais antigas ciências desenvolvidas pela humanidade, a Astronomia, tem o seu objeto de estudo disponível tanto ao profissional quanto aos curiosos e amadores, que buscam prazer na observação dos fenômenos celestes. O astrônomo responsável pelo Planetário do Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, José Luis Manoel da Silva, explica que o interesse de diletantes em observar o céu e os corpos celestes vem crescendo gradativamente nos últimos vinte anos.
Como indicativos desse crescimento, ele cita a quantidade de doutores em Astronomia, que aumentou em mais de cinqüenta vezes nesse tempo, e a fabricação de bons telescópios no País. ?Antigamente, uma das dificuldades para a observação do céu é que todos os equipamentos existentes tinham de ser importados?, lembra.
Silva explica que a principal diferença entre astrônomos profissionais e amadores é que os primeiros se interessam mais pela pesquisa teórica do que pela prática de observação. Muitas vezes, diz Silva, as observações de astrônomos amadores contribuem para os estudos de profissionais. ?Se eu observar, por exemplo, as características de brilho de uma estrela não é nada. Mas, se cem pessoas fizerem o mesmo, pode-se fazer um levantamento estatístico sobre o brilho dela?, afirma.
O primeiro passo para quem quer iniciar na Astronomia é conhecer o céu, o que pode ser feito através de cursos, como o que o planetário oferece, ou através de softwares. ?Os programas de computador têm tido um importante papel de auxílio na Astronomia. É preciso conhecer as estrelas, saber diferenciar os planetas, que são corpos que não brilham. O iniciante precisa também aprender a localizar os corpos celestes que deseja observar?. O segundo passo é a compra de equipamento – telescópios ou lunetas.
Instrumentos
No Brasil, segundo o construtor de telescópios amadores, Alissandro Coletti, os instrumentos fabricados não são para uso científico, mas para lazer. ?A idéia é fornecer aparelhos portáteis que permitam a observação de planetas, estrelas e luas, tanto em cidades quanto em outros lugares?. Coletti explica que como o morador das grandes cidades tem sua observação prejudicada por causa da forte intensidade de luz no céu noturno, o instrumento precisa ser de fácil manejo para poder ser levado a locais mais afastados e com melhor visibilidade.
Coletti afirma que devem existir menos de dez construtores de telescópios no País. Mas ao decidir comprar um telescópio, seja um modelo nacional ou importado, é preciso levar em conta algumas características. Embora o senso comum faça com que as pessoas se preocupem com a amplitude, o mais importante é o diâmetro do telescópio – a abertura – que quanto maior, melhor irá captar a luz. ?A idéia é você ter uma boa visibilidade de estrelas que não pode ver a olho nu. Por mais que um instrumento aumente o tamanho de corpos celestes, sem uma boa abertura não conseguirá observar a luz de estrelas que chegue muito fraca até nós?, explica.
Sofisticação faz a diferença
Uma das diferenças entre os telescópios produzidos no Brasil com os do exterior está na sofisticação. Alguns modelos fabricados no exterior possuem softwares e motorização, que acompanham o movimento dos corpos celestes, podendo inclusive serem conectados a computadores. Esses equipamentos mais avançados são também muito mais caros. Segundo Coletti, se um bom telescópio brasileiro custa R$ 1,6 mil, um modelo estrangeiro mais sofisticado pode custar mais de R$ 16 mil.
Programas de computador podem contribuir bastante no aprendizado de Astronomia. O físico Demian Bertozzi indica Starry Night Backyard, com um bom software, que além de fazer uma simulação do céu na data especificada pelo usuário, traz diversas informações sobre corpos celestes. Como o Starry Night Backyard é um programa pago, o físico indica também outro software, gratuito, o Home Planet, que pode ser baixado no endereço (http://www.fourmilab.ch/homeplanet/homeplanet.html).
Bertozzi lembra, porém, que para utilizar programas com precisão, é necessário o conhecimento da latitude e longitude do local de observação. Para um observador em Curitiba, as coordenadas são: latitude 25º 25? 40?? S; e longitude 49º 16? 23?? W. (RD)