Foto: Chuniti Kawamura
Lisana Kátia Schmitz Santos, coordenadora do Centro Integrado
de Estudos de Geoprocessamento.

O geoprocessamento – técnica que abrange o conjunto de procedimentos de entrada, manipulação, armazenamento e análise de dados espacialmente referenciados – se tornou mais conhecido a partir de um projeto da Secretaria da Segurança do Paraná (Sesp) desenvolvido para mapear a criminalidade no Estado do Paraná. Mas, ao contrário do que se pensa, a tecnologia não é recente. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, o Centro Integrado de Estudos de Geoprocessamento (Cieg) completou 15 anos de existência no último dia 21.

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Vinculado ao Setor de Tecnologia através do Departamento de Arquitetura, o Cieg integra também tecnologias como o Sensoriamento Remoto e o Global Positioning System (GPS). ?Com a representação espacial podemos relacionar essas informações com outras variáveis, como zoneamento urbano, iluminação, povoamento, etc.?, explica a coordenadora do Cieg, a professora Lisana Kátia Schmitz Santos.

Aliado ao centro, há também um curso de especialização com base na tecnologia que está na sua 16.ª turma. Os especialistas formados pela UFPR também recebem habilitação para atuar no georreferenciamento de imóveis rurais, que está previsto pelo Cadastramento Nacional de Imóveis Rurais (Cnir), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). ?O público-alvo do curso são os engenheiros civis, geólogos e arquitetos. Mas também contamos com muitos profissionais do setor público e privado?, afirma.

Monografias

Os alunos têm que fazer uma monografia para concluir o curso de especialização. Como tema, muitos utilizam necessidades das empresas onde trabalham e isso acaba rendendo novas aplicações. Entre os destacados pela professora, está um trabalho para o remapeamento da malha de uma empresa de logística ferroviária. ?O aluno desenvolveu um Sistema de Informações Geográficas (SIG) com dados coletados pelos computadores a bordo dos trens da empresa. A partir disso, eles puderam corrigir a localização de seus trilhos no mapa?, conta.

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Outra utilidade, mas que ainda está em desenvolvimento, é o cruzamento dos dados de por onde passam as linhas com a topografia da região. ?Com isso, seria possível programar melhor os horários de saída e chegada dos trens. Também poderia haver um planejamento melhor na hora de impulsioná-lo, para aproveitar os aclives e declives para economizar combustível?, explica.

A localização em três dimensões dos objetos, como no caso dos trens subindo montanhas, é uma utilidade que poucos enxergam na tecnologia. ?Um dos trabalhos que fizemos aqui foi um SIG para um museu da universidade. No sistema, hoje eles podem localizar todo o conteúdos do prédio, até mesmo o conteúdo das gavetas dos armários.?

Segurança

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O geoprocessamento para o planejamento da política de segurança pública, como o feito para a Sesp, teve um piloto desenvolvido por um aluno do curso de especialização do Cieg. Embora sem vinculação institucional, foi feito um estudo georreferenciado sobre a criminalidade em Curitiba com base nos boletins de ocorrência registrados na capital em 2000, 2001 e 2002. ?De posse dos dados, podemos cruzá-los com iluminação pública, tipo de ocupação do solo, renda, etc. Pelo programa, fica fácil constatar onde ocorre cada tipo de crime e até definir o período de tempo a ser pesquisado?, explica.

O trabalho da Secretaria da Segurança Pública ainda não foi divulgado, mas há um projeto de lei na Assembléia Legislativa para obrigar a publicidade dos dados do geoprocessamento coletados pelo órgão.