Manaus (AE) – Não é o desmatamento na Amazônia que está causando a maior estiagem dos últimos 43 anos na região, de acordo com pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Em mesa-redonda na reunião regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) o ecólogo Philip Fearnside, e o meteorologista Antonio Manzi destacaram que áreas de aquecimento no Oceano Atlântico impedem que as chuvas cheguem à região amazônica.
De acordo com Manzi, atualmente há duas áreas de aquecimento no planeta: uma sobre a bacia norte, onde tem ocorrido furacões, e outra na região próxima ao sul e sudeste do Brasil. ?Essas regiões mais quentes provocam a formação de chuvas sobre o oceano e há um movimento compensatório: o ar mais frio desce sobre a Amazônia, inibindo a formação de nuvens e conseqüentemente de chuvas na região?, explicou.
Segundo o cientista, o fenômeno tem acontecido nos últimos três meses e tende a continuar em outubro, principalmente na parte sul do Amazonas, no Acre e em Rondônia.
Embora não haja ligação da estiagem com o desmatamento, Fearnside destacou que a exploração madeireira ?ajuda? a degradar as florestas mais do que fenômenos como o El Niño. ?Até porque um fenômeno natural não há como impedir, mas o desmatamento feito pelo homem, sim.?
De acordo com Fearnside, a função da floresta é manter o ciclo hidrológico do planeta. ?O transporte de vapor d?água amazônico é particularmente importante durante a estação chuvosa no centro-sul brasileiro. A conversão da floresta amazônica em pastagens reduz estes recursos hídricos?, afirmou.