Foto: João de Noronha/O Estado |
Daniel : ?Outro ponto importante da minha administração será o estreitamento da relação da Abert com o poder público?. continua após a publicidade |
O diretor de Mídia Eletrônica do Grupo Paulo Pimentel (GPP), Daniel Pimentel Slaviero, foi eleito o novo presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) no último dia 31. Escolhido por unanimidade pelo Conselho Superior da entidade para a gestão 2006-2008, podendo ser reconduzido ao cargo por mais dois anos, ele assume em substituição a José Inácio Pizani, do Sistema Clube de Comunicação de Ribeirão Preto (SP), com a difícil missão de levar as emissoras de TV e de rádio à era digital.
?É uma das metas do meu mandato: trabalhar pela implementação do rádio e televisão digitais no Brasil?, afirma Daniel. Mas se for levada em conta a intrincada guerra que se travou por quase dois anos entre setores do governo, da indústria e da sociedade civil para a definição do Ministério das Comunicações, que escolheu o padrão japonês em detrimento do norte-americano e do europeu, a tarefa não será nada fácil. ?Outro ponto importante da minha administração será o estreitamento da relação da Abert com o poder público, o que deve facilitar o caminho até a total adoção da TV digital?, explica o presidente.
Daniel disse que até o fim do ano que vem já haverá transmissões digitais, em diversas capitais. |
Daniel acredita que a escolha do padrão japonês foi acertada e explica que os críticos do sistema estão equivocados quando afirmam que este será mais oneroso que os demais. ?Até o fim do ano que vem já teremos transmissões digitais, em diversas capitais. Até lá essas dúvidas já estarão sanadas?, aponta.
Leia trechos da entrevista que o novo presidente da Abert deu a O Estado.
O Estado – A TV digital (HDTV) é uma das prioridades do seu mandato. Como você enxerga esse panorama?
Daniel Pimentel Slaviero – Em junho saiu o decreto da TV digital, instituindo o padrão nipo-brasileiro, que na minha opinião é realmente o mais adequado para a realidade brasileira, para o interesse público e para a população, pois é o único que mantém e garante uma radiodifusão aberta e gratuita como é hoje em todas as suas formas, seja através de celular, aparelhos portáteis ou da televisão fixa.
O Estado – Em que pé está a adoção da HDTV por parte das emissoras?
Daniel – Foi montado um grupo de trabalho para escolher o plano de TV digital, com uma portaria que deveria sair no prazo de três meses, o que deve acontecer nos próximos dez dias, regulamentando a questão dos canais para que cada emissora faça a solicitação do canal. A partir disso, o prazo é de dezoito meses para começar a transmitir em sinal digital.
O Estado – Para quando podemos esperar o início das transmissões aqui no Paraná?
Daniel – As transmissões vão começar pela cidade de São Paulo, num projeto piloto. Já Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Florianópolis são a segunda etapa. Mas espero que nos próximos 90 a 180 dias o Ministério das Comunicações aprove o estudo para essas capitais. Daí parte das emissoras fazer a solicitação de canais de acordo com o interesse.
De qualquer maneira, o prazo do governo é longo, dez anos, e até lá as emissoras vão transmitir nos dois formatos: analógico e digital. A expectativa é que depois disso se encerre a transmissão analógica e só então o governo decide o que fará com os canais analógicos.
O Estado – Uma das críticas quanto ao decreto que implantou o formato japonês é que, apesar de ser o com tecnologia mais avançada, seria o mais caro deles. Como a Abert vê essa questão?
Daniel – Existe um equívoco nessa crítica: quando dizem que o modelo nipo-brasileiro sairia mais caro é só no preço correspondente a 10% do preço total do set up box (aparelho necessário para recepção do sinal digital em televisores analógicos). O restante será desenvolvido aqui no Brasil. O governo mesmo tem interesse que o set up box custe entre R$ 100 e R$ 200, com financiamento público para que a população tenha acesso.
A Abert acredita que o motor inicial da TV digital será o set up box, por causa do preço, pela facilidade de acesso e pela qualidade de sinal que ele já vai gerar mesmo nas TVs mais antigas. E a venda certamente começará simultaneamente ao início das transmissões. Agora, quem já comprou uma TV de alta definição, já terá qualidade de imagem muito superior logo de cara.
O Estado – Outras características do sinal digital, como a interatividade que ele permite, devem influenciar na programação das emissoras em curto prazo?
Daniel – A interatividade virá num segundo momento, porque o governo precisa definir como será o canal de retorno. A primeira coisa que vai ser sentida pela população é a qualidade do sinal e a possibilidade de recepção móvel. Esses são os dois grandes diferenciais iniciais.
O Estado – E a expectativa da adoção do sinal digital pela TV Iguaçu?
Daniel – Acredito que até o final do ano o governo solte a portaria para as outras capitais e logo após, espero que consigamos transmitir em sinal digital em Curitiba antes dos 18 meses previstos na lei. Acredito que tanto a cidade quantos as demais capitais devem receber a HDTV de seis meses a um ano após a adoção em São Paulo, que deve ser no primeiro semestre de 2007.
O Estado – Como presidente da Abert, o senhor também representa a radiodifusão, que igualmente está iniciando suas experiências digitais.
Daniel – Essa é outra frente importante e pouco lembrada ainda no País. Já existem algumas emissoras operando com sinal digital em caráter experimental em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre através do sistema Iboc (In-Band-On-Channel), norte-americano, que permite a emissora transmitir o digital e o analógico na mesma freqüência do atual. Os resultados têm sido muito bons e a Abert já tem trabalhado junto ao Ministério das Comunicações para que saia o quanto antes a portaria instituindo o sistema de rádio digital no Brasil.
O Estado – Então as emissoras saíram na frente no que diz respeito ao rádio digital?
Daniel – Sim, a iniciativa é quase toda das emissoras. Mas ainda é tudo experimental. Falta a regulamentação que deve ser feita pelo governo. Nesse caso defendemos o Iboc, porque é o padrão mais adequado, único que atende às especificações e características do Brasil e é o único que permite a utilização da mesma freqüência. Isso quer dizer que uma rádio que seja 95.5. continuará com esse prefixo, mas terá todos os benefícios do sinal digital, como o multicanal.