2007 será o ano dos laptops. Também conhecidos como notebooks, os computadores portáteis devem apresentar um vertiginoso crescimento no mercado brasileiro, superando o crescimento que mostraram no ano passado, quando atingiram cerca de 30% dos computadores vendidos em todo o Brasil, segundo a empresa de consultoria IDC.
Para atingirem este patamar nas vendas, foi necessária uma conjugação favorável de fatores que levou a um boom no setor: a valorização do real em relação ao dólar – que tornou mais barato o equipamento, montado com uma boa parcela de componentes importados -, as isenções tributárias – que contribuíram para o achatamento nos preços – e o alongamento dos prazos de pagamento.
Agora, o empurrão que faltava para que os compradores prefiram um computador portátil a um de mesa, se dá com a segunda fase do programa de inclusão digital do governo federal Computador Para Todos, que prevê o lançamento de notebooks populares no início de junho. ?Os laptops de baixo custo chegarão às lojas do País no final do primeiro semestre deste ano. Esse é nosso prazo máximo?, antecipa o assessor da Presidência da República, José Luiz Maio de Aquino.
Os laptops populares estavam previstos para dezembro de 2006, mas o prazo de negociação foi prorrogado. Segundo Aquino, as configurações do laptop popular já foram definidas pelo governo e o preço deve ficar no máximo em R$ 1,8 mil. ?O que falta é aprovar a nova portaria para saber quais fabricantes irão aderir ao programa?. Os 45 fabricantes que produzem desktops da primeira fase do programa não necessariamente vão aderir à fabricação de notebooks. ?O número será bem menor. Até o momento temos quatro fabricantes que certamente participarão do programa, entre eles CCE e Positivo Informática?, adianta.
Outra boa notícia foi dada na última segunda-feira entre uma das medidas anunciadas pelo governo federal como incentivo ao setor de Informática que integram o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), quando foi anunciado o aumento do patamar de isenção de PIS/Cofins (9,25%) para microcomputadores vendidos por até R$ 4 mil, que atingirá praticamente 99% do mercado de desktops no Brasil e 81% do mercado de notebooks, o que deve assegurar o preço especulado por Aquino.
E para garantir o baixo preço, Luiz Cláudio Mesquita, assessor da diretoria do Serviço Federal de Processamento de Dados, afirma que os computadores portáteis virão com sistema operacional Linux e terão as condições de pagamento garantidas por linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), assim como os desktops.
Além do aumento de vendas para pessoas de baixa renda, estas medidas também estão contribuindo para reduzir a informalidade no setor. De acordo com o IDC, o mercado informal respondeu por metade das vendas em 2006. No ano retrasado, a fatia dos produtos informais estava em 68%. A perspectiva é de que o mercado oficial ultrapasse o mercado cinza – como é chamado o setor que vive do contrabando – ainda em 2007.
Laptop barato para ajudar na educação brasileira
Foto: Divulgação |
O laptop de US$ 100 poderá estar disponível para alunos da rede pública ainda este ano. |
O governo brasileiro já testa os primeiros protótipos para avaliação do computador portátil de US$ 100 para uso em educação. Os protótipos são produzidos pela organização não-governamental One Laptop Per Child (Olpc – Um Computador Portátil por Criança), ligada ao Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos.
Os aparelhos estão sendo avaliados pelo projeto Um Computador por Aluno (UCA), uma ação interministerial coordenada pelo assessor especial José Luiz Maio de Aquino e que envolve os ministérios da Educação (MEC) e da Ciência e Tecnologia (MCT), juntamente com outros pesquisadores de institutos brasileiros e que pretende distribuir um computador para cada estudante do sistema de ensino público.
O projeto UCA nasceu da proposta feita ao governo brasileiro, no início de 2005, pela Olpc, que pretende vender 1 milhão de computadores portáteis, com custo de U$ 100 cada. O MEC planeja investir R$1 milhão na compra de mil laptops em 2007. Outras 1,5 mil máquinas devem vir de doações de entidades internacionais ou empresas estrangeiras interessadas em mostrar seus produtos para convencer o governo a adquiri-los.
A vantagem dos computadores portáteis é a possibilidade de uso em sala de aula, sem a necessidade de deslocamento para o laboratório de informática, além de popularizar o equipamento e sua utilização entre alunos de baixa renda.
Mercado curitibano
E como as lojas estão vendo as possibilidades de aumentarem as vendas de portáteis neste ano? ?Acredito que, se não houver imprevistos na economia, as lojas irão lucrar bastante m 2007?, opina Marcos Dranka, gerente da Batel Info Notebooks, loja que atua há seis anos em Curitiba. Dranka conta que nos últimos 20 meses, o perfil do comprador de notebooks mudou. ?Antes, a maioria dos compradores era de executivos. Hoje, qualquer pessoa que quer um computador vai atrás de um notebook por causa do preço, e isso vale para gente das classes A à D?, diz.
Por causa disso, ele acredita que em pouco tempo a venda dos portáteis irá ultrapassar a de desktops. ?O preço já está bem equiparado. O que acontece é que os laptops oferecem uma série de comodidades que os computadores de mesa não têm, como poderem ser levados para outros cômodos da casa ou até para fora de casa, e tudo isso sem perderem em termos de tecnologia?, conta.
O gerente explica que as pessoas estão procurando máquinas com um bom custo benefício. A máquina mais vendida da Batel Info é um Acer 3620, que tem processador Intel Celeron Mobile de 1.6 GHz, HD com capacidade de 60 Gb, memória RAM de 512 Mb, tela de 14.1? Widescreen, gravador de CD com leitor de DVD e Windows XP Home Edition original. O preço: R$ 2,5 mil. ?Uma configuração como esta deve suprir as necessidades da maioria dos usuários?, opina o gerente.
Já quem procura opções mais caras, pode encontrar laptops por até R$ 10 mil. ?A linha Vayo, da Sony, é bem procurada por executivos e por quem viaja muito, já que os modelos pesam por volta de um quilo. Mas se o equipamento é leve, o preço é muito mais salgado?, avisa Dranka.
Legalidade
Para Danielle Gazolla, gerente da Central do Notebook, que há dez anos se especializa em vender portáteis, a baixa nos preços está fazendo com que, pela primeira vez, o consumidor prefira comprar laptops no mercado formal em vez do mercado cinza. ?A pessoas querem nota fiscal e garantia. Mas antes a diferença de preço de um computador contrabandeado era muito mais baixo do que o legal. Agora, com a diferença em no máximo R$ 500, e com a opção de financiamento, o comprador está optando pelo produto legal?.
Além disso, nos equipamentos legalizados que acompanham o sistema operacional Windows, da Microsoft, a pessoa também foge das estatísticas de cópias piratas, já que o software é legalizado.
Na Central do Notebook, o computador mais vendido também é da marca Acer. Por R$ 2.990, o comprador leva o modelo 3100, que tem processador AMD Sempron 1,8 Ghz, 60 Gb de HD, 512 MB de RAM, monitor de 15.4?, gravador de DVD e Windows XP Home Edition original. ?Uma bela máquina, que já está pronta inclusive para receber o novo Windows Vista?, diz a gerente.
Porém, Gazolla conta que, mais do que vender os portáteis, o filão que está aumentando bastante o lucro da loja é a assistência técnica. ?O motivo é que não se encontra assistências especializadas em Curitiba. Deve haver apenas quatro lojas que a oferecem. Até para encontrar técnicos qualificados é difícil?, revela.
Serviço – Central do Notebook, Avenida Sete de Setembro, 3574, Centro, loja A – Telefone 41 3323-4040 – www.centraldonotebook.com.br.
Batel Info Notebooks – Shopping Crystal. Rua Comendador Araújo, 731, Batel, Piso L3 – Telefone 41 3323-5332 – www.batelinfo.com.br.