80% dos exames feitos pelo aparelho estão relacionados ao tratamento de câncer.

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As tecnologias recentes de aparelhos de diagnóstico vem trazendo a possibilidade de exames com maior precisão e minimamente invasivos. Com uma máquina conhecida como PET-CT (Positron Emission Tomography – Computed Tomography), segundo o gerente de Medicina Nuclear da Phillips, Hamilton Monteiro, é possível, por exemplo, fazer avaliações seguras no tratamento de doenças, trazendo maiores perspectivas de sobrevida e usando melhor os recursos. Exames de PET-CT ainda não são realizados no Paraná, mas segundo Monteiro, a empresa está em negociações para vender tomógrafos no Estado em 2006.

Segundo Monteiro, 80% dos exames feitos pelo aparelho estão relacionados ao tratamento de câncer. A PET-CT é uma técnica que produz dois tipos de exames – tomografia por emissão de pósitrons (PET) e tomografia computadorizada (CT) – que juntos formam uma terceira imagem, com informações do metabolismo e morfológica dos órgãos.

A PET é um método de obter imagens que dão informações sobre o estado funcional dos órgãos, não captando com tanta acuidade o estado morfológico. "É muito eficiente para estudar o metabolismo dos órgãos", diz Monteiro. E a tomografia computadorizada entra onde a PET não é tão eficiente – na localização precisa de tumores. "Antigamente só se fazia tomografia computadorizada. Com o PET-CT é possível mudar a condução do tratamento, por causa da melhor resposta de diagnóstico", diz.

Embora seja amplamente utilizado em casos de câncer, o exame é usado também para diagnósticos neurológicos, como epilepsia e Mal de Alzheimer, para observar se a atividade cerebral está comprometida. É utilizado também em avaliações cardíacas, dando informações sobre as condições musculares do órgão, contribuindo para a decisão da conduta clínica adequada.

Funcionamento

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Monteiro explica como, através do exame de PET-CT, pode-se analisar o funcionamento dos órgãos. "Primeiro, injeta-se um rádio-fármaco de contraste na veia do paciente, o Flúor-desoxiglicose (FDG-18), que como é um tipo de glicose, entra no metabolismo celular". Com o rádio-fármaco no corpo, o paciente é submetido ao tomógrafo, que emite partículas chamadas pósitrons e detecta o FDG-18, formando imagens. Nas regiões que o metabolismo é mais acelerado, observa-se maior concentração de FDG-18. "Em processos tumorais, por exemplo, o metabolismo é mais acelerado e altamente consumidor de glicose. Assim, consegue-se avaliar melhor que tratamento utilizar", explica.

No Paraná

O PET-CT, segundo o diretor clínico do Centro de Medicina Nuclear Alto da XV, Carlos Cunha, não é ainda realizado em Curitiba por uma questão técnica. A FDG-18 possui meia vida de 110 minutos. Ou seja, duas horas depois de produzida, parte da substância já se desintegrou, ficando somente metade do produto radiológico para ser usado. Segundo o médico, no Brasil, a produção da FDG-18 é monopólio do governo, feita em São Paulo e no Rio de Janeiro, por meio de aparelhos chamados Cíclotrons.

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"A dificuldade de se utilizar a PET-CT em Curitiba, é que a FDG-18 precisaria vir do laboratório que a produz em São Paulo e ser utilizada rapidamente no exame, para que não se perdesse muito material. Teríamos de correr contra o tempo". Porém, o custo de cada dose de FDG é de aproximadamente R$ 1 mil e, nessas circunstâncias, seriam necessárias três doses para se realizar um único exame. "O ideal seria que o governo produzisse a substância aqui ou desse permissão para alguma empresa fabricá-la", afirma.

Segundo o médico, o custo desse exame ainda é muito caro, ficando atualmente em cerca R$ 3,5 mil, não sendo coberto por planos de saúde nem pelo SUS. "É um longo caminho para a popularização desse exame. Mas cedo ou tarde ele vai ter de ser percorrido".

Diferenças entre ressonância e tomografia

Se alguém perguntar as diferenças entre ressonância magnética e tomografia computadorizada, você saberia responder? Os dois exames são feitos regularmente em grandes cidades há algum tempo e ambos fornecem imagens médicas do corpo. Mas as semelhanças param por aí. Segundo o médico radiologista da X-Leme, Heraldo de Oliveira Mello Neto, uma das características que diferencia a ressonância magnética da tomografia computadorizada facilmente percebida pelos pacientes é o custo, que é maior no primeiro exame. "Porém, na ressonância a pessoa não fica exposta à radiação. É biologicamente mais saudável".

Mello explica que a ressonância magnética dá um detalhamento anatômico melhor, principalmente do sistema nervoso central, do cérebro, da medula. "O custo é maior, mas há casos em que se justifica o uso. Se uma criança é pequena e tem uma crise convulsiva, o diagnóstico por meio de ressonância tem maior potencial, pois só ela dá certos tipos de informação", explica. Além disso, segundo ele, a ressonância magnética permite examinar o funcionamento de órgãos, ou mesmo, observar a evolução de um infarto com poucos minutos de atrasos. O custo desses exames, diz Mello, varia entre R$ 600 e R$ 1,2 mil.

A ressonância magnética é uma técnica capaz de medir partículas subatômicas, ao aplicar nelas um campo magnético intenso perpendicular a um emissor-receptor de ondas de rádio, no qual é possível sintonizar várias freqüências. "Os núcleos dos átomos de hidrogênio do corpo humano é que são alinhados e localizados pelo receptor de ondas de rádio". Os dados captados pelo aparelho são processados pelo computador, que monta as imagens.

Tomografia

Segundo Mello, a tomografia computadorizada é utilizada principalmente para observar a existência de traumas na coluna vertebral, no cérebro, em membros e articulações, além de se conseguir informações sobre as condições morfológicas de pulmões e outros órgãos do corpo. A técnica consiste em fazer imagens que derivam do processamento de dados obtidos por meio de projeções de raios X. Em muitos casos, diz Mello, utiliza-se uma substância contraste à base de iodo, que é administrada via oral ou via intravenosa, o que permite formar a imagem no tomógrafo.

Na tomografia, como na radiologia convencional, os raios X são parcialmente absorvidos pelo corpo humano, passando facilmente por componentes como gordura, mas não por ossos ou metais. As máquinas de tomografia podem ser convencionais, dando uma volta completa em torno do paciente e emitindo raios X, que são captados na outra extremidade do detector. Ou helicoidais, que são mais modernas, e descrevem uma hélice em torno do corpo do paciente, o que permite que o paciente seja submetido a doses menores de radiação. Os dados obtidos são processados pelo computador, que analisa a variação de absorção da radiação. O custo de um exame por tomografia computadorizada varia entre R$ 350 e R$ 800. (RD)

Imagens dos exames podem ser complementares

Na área de exame diagnóstico, aparelhos de ressonância magnética, medicina nuclear ou de tomografia computadorizada possuem natureza diferente, podendo suas imagens, muitas vezes, serem complementares. "Equipamentos de medicina nuclear, por exemplo, são muito importantes para exames do coração", afirma o diretor clínico do Centro de Medicina Nuclear Alto da XV, Carlos Cunha. Segundo ele, com esse aparelho, é possível dizer qual o risco de uma pessoa ter um infarto ou vir a morrer do coração.

"Se o resultado da cintilografia for normal, a chance de infarto é menor que um por cento", diz o médico. De acordo com Cunha, 70% de exames que utilizam aparelhos de medicina nuclear são feitos para o coração e os outros 30% envolvem principalmente casos de tratamento de câncer ou ósseo.

Na medicina nuclear, o rádio-fármaco de contraste chamado Tecnécio é injetado no paciente com o objetivo de que, ao serem emitidos raios gama, possa ser avaliada a atividade das células dos órgãos. "Então, se houver alguma deficiência funcional ou alteração, ela é detectada", explica. Ele cita o exemplo de atletas que tiveram microfissuras ósseas, devido a alguma atividade física. "É possível perceber as células que trabalham mais, facilitando diagnóstico. O raio X não vai mostrar isso", diz.

Esse exame pode ser considerado uma versão anterior à PET-CT, que possui maior precisão. Na cintilografia, segundo Cunha, observa-se sempre o funcionamento de um órgão específico, não sendo um exame interessante para investigações de metástase. Porém, o custo da cintilografia é menor, variando entre R$ 200 a R$ 1,2 mil.

De acordo com Cunha, uma nova máquina dedicada para exames do coração, a Cardio MD, está sendo adquirida pela clínica. O aparelho será um dos três existentes no Brasil. "Ele trará maior precisão de imagem, maior conforto ao paciente, além de rapidez na aquisição do exame".

Medo de radiação

Muitos pacientes, segundo Cunha, temem os efeitos da radiação à qual ficam expostos durante os exames. O médico explica que exames radiológicos e de medicina nuclear não fazem mal porque o nível de radiação é controlado. Porém, a quantidade de radiação solar à qual as pessoas ficam expostas numa viagem de avião até Nova York é bem maior que a de um exame desses. "E as pessoas não chegam a se preocupar com isso". (RD)