A evolução até os neo-elastômeros

O termo elastômero é por vezes tomado como sinonímia para borracha ou seja um polímero de isopreno ou látex historicamente obtido pela vulcanização (aquecimento na presença de enxofre ou peróxidos ou mediante irradiação) do látex de plantas como a Hevea brasiliensis. A descoberta da elasticidade conferida pelas pontes de enxofre entre as cadeias de isoladas de polisopreno é devida a Charles Goodyear tão longiquamente quanto 1839. Enquanto a cura ou vulcanização da borracha é um processo irreversível de termoconsolidação do produto por estabelecer interligações entre cadeias de pré-polímeros, o aquecimento / resfriamento de um (termo)plástico de síntese química faculta plena e repetitiva reversibilidade como no caso do polietileno e polipropileno, permitindo então a fusão e (re)moldagem, propriedade de extrema utilidade na reciclagem de plásticos domésticos e industriais.

Um parâmetro diferencial para os plásticos é Temperatura de Transição Vítrea (Tg). Genericamente define-se Tg em função de mobilidade molecular. Abaixo dela, o material é rígido e/ou quebradiço e, acima dela, permite deformações plásticas.

De grande aplicação industrial são os Elastômeros Vulcanizados Termoplásticos (EVT). Um deles, de última geração é o concebido pela empresa Teknor Apex dos USA com a designação de Uniprene (R) XL. Usualmente um EVT perde entre 20 e 50% de sua propriedade de recuperação elástica quando é aquecido a 125 graus centígrados. No caso do Uniprene a perda é de apenas 5%. Tem também este neo-elastômero maior resistência ao estiramento e rasgo e ganha substancialmente menor peso quando submergido em óleo mineral por 500 horas na temperatura mencionada. O Uniprene é, igualmente aos demais EVTs, passível de moldagem por injeção e extrusão e é facilmente colorido com os pigmentos de praxe para elastômeros, o que o faz especialmente recomendado para selos, rolhas, tomadas, mangueiras automotivas e isolantes elétricos.

Na síntese do Uniprene o que a Teknor fez foi substituir a usual borracha por um copolímero baseado em estireno hidrogenado (cPEh) que constitui o bloco básico microesferulado (0,5 a 2 micras) por ligações covalentes intercruzadas, o qual também tem segmentos mais rígidos de poliestireno, criando pois uma rede dupla. Este arranjo é que gera as propriedades avançadas acima mencionadas.

No mercado global de elastômeros de última geração da série EVT estão as blendas nylon / poliacrilato, nylon / silicona e formulações de copoliésteres cujos preços estão na faixa de US$ 20 / kg (nos USA). O preço do Uniprene é sugerido como significativamente menor.

Um dos poucos pontos desfavoráveis para a adoção do biodiesel puro como combustível automotivo ecologicamente correto é a corrosividade de mangueiras de borracha que toleram bem o diesel quando o primeiro é adicionado ao segundo em porcentagem superior aos 20% (B-20). Para percentuais superiores de biodiesel uma substituição sugerida para as mangueiras de borracha seria o Viton (um fluoreslastômero). Cogitamos pois, se o Uniprene não prestar-se-ia à mesma finalidade.

José Domingos Fontana (jfontana@ufpr.br) é professor emérito da UFPR junto ao Departamento de Farmácia, pesquisador 1A do CNPq e 11.º Prêmio Paranaense em C&T.

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