Já o controverso projeto de digitalização de livros do Google, criado no início do ano, teve que ser paralisado em agosto. Todavia, retomou a digitalização das obras de grandes bibliotecas americanas depois de muita conversa com as editoras daquele país.
Além disso, teve que mudar de nome. Parou de atender pelo nome de Print. No blog do Google, o diretor de marketing do setor, Jen Grant, divulgou que o nome do serviço passaria a ser Google Book Search, devido à imagem errada que usuários tinham com o antigo nome. ?Muitas pessoas imaginavam que o Google Print as ajudava a imprimir livros, o que não é verdade?, diz o diretor.
Um nome mais descritivo, segundo o executivo, ajuda a esclarecer qual é a proposta real do projeto – a de buscar conteúdo de livros on-line. O Google Book Search experimentou bastante polêmica antes de seu lançamento – inclusive um processo de uma associação de escritores – por supostamente digitalizar e colocar on line obras protegidas por direitos autorais.
?A digitalização de bibliotecas é o sonho de todo o bibliotecário. Imagine ter acesso a obras raras de bibliotecas chinesas, por exemplo. Existem livros especiais em algumas bibliotecas que nem mesmo as pessoas que moram nas cidades têm acesso e que poderão ser encontrados, gratuitamente, na internet?, comemora Rosilei Vilas Boas. Para a especialista, o projeto Google abre um espaço único, e ímpar para obras que já são de domínio público.
Já Eduardo Blucher, coordenador da comissão de tecnologia da Câmara Brasileira do Livro (CBL), e um dos donos da Blucher Editora, revela que os editores temem que a digitalização de obras abra caminho para que as empresas percam o controle da venda para os meios tecnológicos, assim como está acontecendo com o mercado fonográfico. ?Vale lembrar que ao contrário das gravadoras, que são grandes conglomerados, a maioria das editoras são de pequenas companhias?, diz o editor.
Segundo Blucher, para os romances, a digitalização é ótima, já que quem começa a ler uma parte de um livro on-line e gosta, muito provavelmente irá comprar uma cópia física. ?Mas no caso de livros técnicos, de consulta, se o conteúdo estiver todo a disposição, ninguém mais irá querer comprá-los?, explica. Além das obras de domínio público, no caso americano, o Google só digitaliza livros que as editoras e os escritores autorizam.
Mas para Blucher, em outros países o problema pode ser grande, já que depende dos donos do direito autoral, que podem nem sempre estar bem intencionados. ?A solução seria o Google Book, no caso dos livros técnicos, restringir o resultado, mostrando apenas algumas poucas páginas.?
