As mulheres amam sapatos, isto ninguém questiona. Mas para poder desfilar com eles, o mais importante é pensar primeiro no conforto e na saúde dos pés. Quando o assunto são os pés, os problemas mais frequentes que incomodam as mulheres são as unhas encravadas, calos, joanetes, esporão de calcâneo, tendinite de Aquiles, entre outros. Para prevenir ou tratar estes problemas, que muitas vezes são acompanhados por dor e dificuldade para caminhar, a saída é procurar atendimento especializado com médicos ou podólogos.
Segundo a podóloga Janaína Quinalha, da Clínica de Podologia Saúde dos Pés, muitas clientes que chegam à clínica reclamam de unha encravada ou onicocriptose, uma inflamação provocada quando a borda lateral da unha cresce e penetra na pele. “A unha encravada pode ser causada pelo corte incorreto, calçado inadequado ou pelo hábito de cutucar a região. Isto provoca a infecção. Para tratar, o recomendado é não mexer no local, deixando o corte e a retirada da parte encravada para um profissional especializado, como um podólogo. Se necessário, um médico pode receitar medicamentos e em alguns casos, o paciente pode precisar utilizar uma órtese, um ‘aparelho’ que faz tração na unha, para que ela cresça de forma correta”.
Outro problema comum são as micoses e frieiras. “As micoses são fungos que podem contaminam as unhas (onicomicose) e a pele dos pés no contato com materiais não esterilizados, uso de ambientes públicos como banheiros, piscinas e praias. Outro fator que favorece o surgimento das micoses é ficar com os pés úmidos. Como a micose na unha e na pele pode apresentar diferença de coloração, mas não tem sintomas como coceiras, as pessoas costumam demorar a perceber e buscar tratamento. Para evitar a micose e a frieira (quando a micose está instalada entre os dedos), a indicação é secar sempre entre os dedos do pé, evitar andar descaço em locais públicos e procurar tratamentos, como a laserterapia”, esclarece Janaína.
Os calos e calosidades também estão na lista dos grandes incômodos. “Eles surgem devido ao atrito e a pressão nos pés provocada pelos calçados não indicados ou por questões ósseas, como o formato dos pés. Para tratar os calos, o ideal é trocar o sapato por um modelo mais adequado, que não aperte os pés, para que não exista pressão sobre eles. Visitando um podólogo ou seu médico de confiança, você evita os riscos causados pelo desbaste do calo feito de forma inadequada”. A podóloga ainda afirma que, além destes principais, outros problemas também são frequentes entre as mulheres: onicofose (pele dura ao redor das unhas), o olho-de-peixe (verruga plantar), fissuras calcâneas e pés diabéticos.
No consultório médico
Além dos casos que podem ser tratados nas clínicas de podologia, existem os problemas que necessitam de acompanhamento médico ou até mesmo de cirurgias. De acordo com o ortopedista Mark Deeke, do Hospital Marcelino Champagnat, os casos mais comuns atendidos nos consultórios são os joanetes, esporão de calcâneo, tendinite de Aquiles e as entorses de tornozelo (torção).
“De mais simples tratamento, a tendinite de Aquiles é a inflamação do tendão de mesmo nome, provocada pelo encurtamento da musculatura da panturrilha. As principais causas da tendinite são o encurtamento da musculatura provocado pelo uso de salto altos, sobrecarga de peso em função da obesidade e o excesso de uso do tendão (comum em corredores e atletas). Tratamento e prevenção passam pelo uso de calçados adequados (com saltos inferiores a 2,5 centímetros) e condicionamento físico com alongamentos. Para combater a dor, compressas de gelo. Se o processo inflamatório e a dor forem muito intensos, o recomendado é procurar ,um médico”, orienta.
Segundo Deeke, o esporão de calcâneo ou fascíte plantar é comum nas mulheres de idade mais avançada e provoca dor no calcanhar, devido a uma inflamação na região do tornozelo, no músculo amortecedor do calcanhar. “Quem tem esporão reclama de dor nos primeiros passos do dia, tendo a sensação de que há uma faca ferindo o tornozelo. Assim como na tendinite, a fascíte é provocada por encurtamento da panturrilha, obesidade e também pelo formato do pé (fator genético) e sobrecarga de atividades físicas. O tratamento também é parecido: alongamento, controle do peso corporal e uso de calçados adequados (confortáveis e sem salto)”.
Também muito comum, mas de tratamento mais complexo, o joanete ou hallux valgus é uma deformidade do primeiro dedo do pé (um tipo de calo) que pode ser causado por pré-disposição genética, formato dos pés e por fatores ambientais como o modelo dos calçados usados, novamente o salto alto e tipo bico fino. “Não existe um procedimento comprovado que evite o joanete. Assessórios como protetores e separadores de dedos podem aliviar a dor, mas não evitam a progressão do joanete. Neste caso, quando há dor persistente, indicado é procurar um médico, para avaliar a possiblidade de uma cirurgia. Entretanto, ela só deve ser feita em situações de dor e nunca por preocupações estéticas”, alerta o médico.