Vermelhidão que fere a autoestima tem solução

Geralmente confundida com a acne, a rosácea é uma doença de pele que acomete muito mais mulheres do que homens e que afeta diretamente a autoestima, principalmente por atingir uma área bastante exposta do corpo, o rosto. Também pode afetar a região ocular e, por se tratar de uma doença inflamatória crônica da pele, não tem cura. No entanto, a dermatologista Christine Graf, com especialização no Departamento de Dermatologia da New York University Medical Center, nos Estados Unidos, garante que existem várias opções de tratamentos para a redução dos sintomas.

Ela ainda explica que a causa exata da rosácea ainda não foi identificada. “Sempre querem associar a doença a outros fatores, mas não existe uma causa precisa”, destaca. A rosácea acomete principalmente mulheres adultas. Segundo a dermatologista, a proporção é de 70% mais mulheres afetadas – o que significa que a cada 100 casos da doença, 70 são do sexo feminino.

Entre os sintomas da rosácea estão a vermelhidão, principalmente na parte central do rosto, e um aumento nos vasos sanguíneos. “A pele do paciente é mais sensível, uma pele hiper-
reatora. Além de vermelhidão e acne, pode haver também inchaço. Geralmente não coça, mas, como existem muitos vasos dilatados, pode ter ardência”, afirma Christine. O diagnóstico da doença é clínico – através de anamnese (conversa com o paciente) e exames físicos.

“É possível fazer um bom controle, mas dizer cura é difícil. A pessoa tem que controlar sempre e cuidar bem da pele”, afirma a dermatologista. O tratamento da rosácea envolve produtos que tenham efeito antiinflamatório e calmante, como gel creme, aquoso ou medicamentos manipulados. O uso do filtro solar também é essencial para esses pacientes e alguns produtos devem ser evitados. “Nada que resseque muito a pele e nada que tenha muito creme, pois pode piorar a na questão inflamatória”, ressalta.
 
A medicação oral pode ser utilizada quando a rosácea está mais agravada e a pele está mais vermelha, inchada e com muitas bolinhas (que são chamadas de pápulas). “Quando está em uma fase muito inflamatória, se usa a tetraciclina, antibiótico que tem efeito antiinflamatório e dá um resultado muito rápido”, diz.
 
O tratamento com luz pulsada é uma opção para diminuir os vasos sanguíneos e, consequentemente, reduzir a vermelhidão. “O resultado é excelente e a paciente já começa a percebê-lo logo na primeira sessão”, comenta Christine. Mas, para ter melhores efeitos, segundo a médica, o ideal são pelo menos três sessões com intervalo de um mês entre cada uma. Alguns pacientes precisam fazer o tratamento no rosto todo, outros apenas no nariz e na maçã do rosto.

Hábitos de vida

Não existem conclusões se a alimentação ou hábitos de vida podem piorar os sintomas da rosácea, mas Christine orienta que as pacientes fiquem atentas. “A pessoa que tem muita vermelhidão geralmente tem uma piora do quadro com alimentos muito picantes ou muito quentes e com o consumo de bebida alcoólica. Se perceber essa piora da vermelhidão, é só procurar evitar”. A maquiagem também está liberada. “Não afeta em nada, desde que a paciente procure uma maquiagem que seja não oleosa, para não piorar a acne”, complementa Christine.

Vergonha de sair de casa

Em pesquisa realizada pela National Rosacea Society, nos Estados Unidos, 76% dos pacientes consultados disseram que a doença diminuiu a autoconfiança e a autoestima e 41% afirmaram que passaram a evitar contato com outras pessoas e a cancelar compromissos sociais por essa condição. Dos pacientes com sintomas severos, 88% relataram que a doença afetou interações prof,issionais e 51% disseram que já faltaram o trabalho por causa disso.

A psicóloga Lola Margarete Ribeiro, de 56 anos, conta que descobriu a doença quando procurou um dermatologista porque ficava muito incomodada com a vermelhidão do rosto. “Nunca tinha ouvido falar em rosácea”, afirma. Ela conta que tentou uma série de tratamentos, desde cremes, sabonetes, ácidos, até laser. O efeito do laser, segundo Lola, durou quase dois anos. Mas os tratamentos, de uma maneira geral, a deixaram insatisfeita. “Na verdade, eu acho que só piorou, não melhorou nada”.

Desta forma, a maquiagem foi a alternativa encontrada pela psicóloga para disfarçar os sintomas. “Agora não me incomoda tanto porque uso maquiagem”. Mas ela confirma que a rosácea afeta a diretamente a autoestima. “Quando você menos espera, aparece mais. Em algumas situações, quando fico mais ansiosa, mais emotiva, aparece”, finaliza.