Sucos e papinhas batidas no liquidificador já não são os alimentos mais recomendados pelos nutricionistas e especialistas em alimentação infantil. Hoje, novas técnicas propõem um jeito diferente de introduzir os alimentos sólidos na alimentação dos bebês, para complementar o aleitamento materno em crianças a partir dos seis meses de idade. E um destes métodos que vêm conquistando mamães e bebês em países da Europa, Estados Unidos e também no Brasil é o BLW, sigla em inglês que significa Baby Led Weaning ou “o desmame que o bebê lidera”, termo criado e usado pela consultora em saúde britânica Gill Rapley em seus livros.

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Seguindo as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatra e da Organização Mundial da Saúde (OMS), até os seis meses de idade, salvo exceções, sob orientação do pediatra, a única fonte de alimentação dos bebês deve ser o leite materno, fonte completa de nutrientes. Somente depois desta idade é que as crianças podem passar a receber uma alimentação complementar. E é nesta fase, em que eles começam a conhecer novos sabores, que o BLW passa a ser uma opção para os pais.

No BLW, os bebês são incentivados a agir de forma mais autônoma, comendo com as mãos pedaços de alimentos sólidos, como frutas e vegetais, em um ritmo próprio, fazendo com que a refeição seja um momento de descobertas, treino de capacidade de mastigar e deglutir os alimentos e também um momento de interação entre a família.

Mãe de Ana Lara, de nove meses, a atriz e bancária Natália Drulla Lied, de 27 anos, é adepta do BLW. Ela conta que conheceu a técnica em cursos e encontros de um grupo de mães. “Ouvi sobre o BLW pouco tempo depois que a Ana Lara nasceu e me interessei sobre o assunto. Fiz um curso sobre alimentação infantil, pesquisei sobre o assunto na internet e percebi que esta forma seria um bom jeito de apresentar novos alimentos para minha filha. E vem dando certo, desde os seis meses ela experimenta novos alimentos, como banana e brócolis, que ela adora. Hoje, ela segue com leite materno sob livre demanda, come uma fruta no meio da manhã e almoça alimentos ‘salgados’ na hora do almoço e no jantar”.

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Natália conta que a filha até come papinhas, principalmente quando almoça na casa dos avós, mas que a refeição também é preparada e servida de um jeito especial. “O BLW pode ser de difícil aceitação por parte da família, que tem medo que a criança se engasgue, por isso, ainda há o apelo pela papinha tradicional. Minha filha come papinha, mas só as amassadinhas, nunca aquelas batidas no liquidificador. Assim, com estas papinhas e com os alimentos inteiros, ela vai treinando a mastigação e aprendendo a comer sozinha, sob a nossa supervisão. Vamos seguir assim, com leite materno e com o BLW até quando ela não sentir mais interesse pelo leite”.

Opinião dos especialistas é positiva

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Segundo a nutricionista Michele Chibior, o BLW pode ser utilizado pelos pais, mas com atenção. “É um método indicado, mas deve ser realizado com alguns cuidados. É necessário um equilíbrio no cardápio da família e o acompanhamento de um pediatra e nutricionista”. Independentemente do método, ela explica que alimentação principal do bebê, almoço e jantar, deve ser completa em macronutrientes como carboidratos, proteínas e lipídios, e micronutrientes como legumes, frutas e verduras.

Suellen Lima
Refeição passou a ser momento de descobertas.

Para evitar os engasgos, que pode acontecer até com o leite materno, Michele sugere que os pais estejam sempre supervisionando a alimentação dos pequenos. “Também é interessante retirar cascas, caro&ccedil,;os e sementes e oferecer legumes cozidos. Isso diminui o risco de engasgos graves”.

E, apesar de parecer novidade, de acordo com a nutricionista do Hospital Pequeno Príncipe Maria Emília Suplicy, o BLW é apenas um nome novo para orientações dadas pelos nutricionistas. “Oferecer papinhas batidas e sucos, principalmente aqueles que não são naturais, há tempos não é recomendado por nós. Nossa orientação é o aleitamento materno e, depois de seis meses, frutas inteiras, água ou leite em vez de sucos”.

Sobre o BLW, a única ressalva dos nutricionistas é para que esta não seja a única forma de alimentação dos bebês, pois eles ainda não têm total habilidade com os alimentos. “As necessidades diárias de nutrientes precisam ser atendidas, assim o ideal é o aleitamento complementado pelo por outros alimentos. Comendo sozinho o bebê pode não suprir todas as suas necessidades”, alerta Maria Emília.

https://www.youtube.com/watch?v=Tx5PQdZ5jUg