Todo mundo tem que suar. É assim que o corpo elimina água para equilibrar a sua temperatura, quando ela está alta demais. Isso é normal durante atividades físicas, no calor, em situações de estresse. Mas algumas pessoas eliminam o suor quase o tempo todo em partes do corpo, causando grande incômodo. Especialistas acreditam que a hiperidrose atinge, em média, 1,5% da população mundial. Entre as mulheres latinas, uma pesquisa online feita por Datos Claros, em 2009, com 1.500 mulheres da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México, aponta que 36% delas suam além do normal.
O excesso de suor estimula o preconceito porque é associado à falta de higiene e de controle emocional. De acordo com o médico cirurgião Antônio Malucelli (foto), especializado no assunto, as mulheres são as que mais buscam tratamento porque têm um cuidado maior com o próprio corpo. Ele lembra que o problema atinge pessoas de todas as idades. Nas crianças, é mais comum em mãos e pés; nos adolescentes, na axila; nos adultos, no rosto e no couro cabeludo.
A linha que separa o suor comum da hiperidrose é tênue. “Se há suor em situações banais, corriqueiras, e em momentos em que o paciente sente-se confortável com a temperatura, pode ser hiperidrose”, explica. Segundo o médico, o excesso de suor é causado por uma disfunção, geralmente genética, no nervo simpático, que funciona mais do que o normal, estimulando as glândulas sudoríparas além do necessário para manter a temperatura corporal. Por ser um líquido inodoro e incolor, entretanto, suor não tem mau cheiro. Mas ele pode adquirir cor e odor com a ação de bactérias.
Malucelli sugere que os pacientes façam testes terapêuticos para descobrir a melhor forma de tratar a hiperidrose. Muitos podem encontrar alívio em tratamentos como acupuntura, homeopatia, calmantes ou anticolinérgicos (comprimidos para fazer o nervo simpático trabalhar menos). Também estão disponíveis no mercado vários produtos para ajudar a diminuir o problema. Os mais fortes do Brasil, com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), são da Rexona, que tem até um desodorante específico, o Rexona Clinical, para quem transpira em excesso.
Se nada disso funcionar, existem alternativas mais invasivas, como a aplicação de toxina botulínica, princípio ativo do Botox, embaixo da pele, para paralisar as glândulas sudoríparas. Isso funciona entre quatro e 12 meses. A glândula volta a trabalhar aos poucos após esse período e o paciente, se quiser, pode aplicar novamente. A medida é mais cara do que uma aplicação de Botox para tratamento de rugas. Outra opção é a microaspiração das glândulas, que funciona como uma lipoaspiração, porém é mais superficial e dói menos. O método, segundo Malucelli, melhora 50% a 60% o problema da hiperidrose. É ainda mais caro que o uso da toxina botulínica, mas é definitivo.
Em último caso, o paciente pode optar pela cirurgia do nervo simpático, que bloqueia as mensagens enviadas por alguns dos gânglios do nervo até as glândulas sudoríparas. Cada um deles se refere a uma parte do corpo, portanto, através da cirurgia, é possível clipar, cortar ou retirar o gânglio responsável por enviar mensagens que causam o suor no pé, na mão, no rosto ou na axila. O efeito colateral é o suor compensatório. Em grande parte dos pacientes, o excesso de suor acaba na região que ele escolheu, mas aumenta em outras regiões do corpo. Se o problema for só o mau cheiro, pode-se tratar com sabonetes bactericidas, pomadas de antibióticos ou desodorantes.