Dores fortes no peito, falta de ar e palidez são sintomas comuns de um infarto. Quem passa por isto deve correr imediatamente para um pronto socorro. Mas, no caso das mulheres no período pós-menopausa – principalmente após os 60 anos -, estes sintomas podem estar ligados a um outro problema: a chamada Síndrome do Coração Partido ou Síndrome de Takotsubo. Ela atinge especialmente as mulheres mais maduras após eventos acentuados de estresse. Apesar de não ser um infarto, o diagnóstico é feito somente depois de exames já no hospital. Por isto, com o aparecimento de qualquer sintoma, a mulher deve ser levada ao pronto socorro.
A síndrome foi identificada na década de 1990 por pesquisadores japoneses. O problema afeta mais a região apical do coração, ou seja, a ponta do órgão, que fica abaloada (como um balão). A dilatação é a principal característica. O fenômeno tem o nome de Síndrome de Takotsubo porque o coração fica parecido com uma armadilha utilizada no Japão para pegar polvo e que possui este nome. “O coração fica parecido com esta armadilha”, salienta o médico cardiologista Dalton Bertolini Precoma, do Hospital Nossa Senhora das Graças. E o título de coração partido está relacionado com o estresse intenso que pode desencadear o problema.
Precoma conta que a doença é causada principalmente em virtude de um estresse muito forte, com uma descarga de adrenalina aguda e intensa. “Pequenas artérias temporariamente se fecham”, ressalta Precoma. A médica cardiologista e nuclear Lara Carreira, do Hospital Cardiológico Costantini, esclarece que ainda não é possível afirmar se a síndrome é causada pela grande descarga de catecolamina (entre os tipos de catecolamina está a adrenalina) ou pelo efeito tóxico da substância no coração.
De acordo com Precoma, a síndrome atinge mulheres em cerca 95% dos casos registrados, especialmente na faixa entre os 60 e 80 anos. “A síndrome se comporta como um infarto agudo, mas as artérias coronárias estão preservadas. Até mesmo o eletrocardiograma pode parecer como um infarto”, explica. Outros exames complementares também podem indicar a ocorrência de um infarto.
Síndrome rara e de difícil diagnóstico
A médica cardiologista Lara Carreira ressalta que o diagnóstico da síndrome é feito apenas com a junção do relato de um evento de estresse agudo e do resultado do cateterismo, um procedimento mais complexo para casos de infarto. “Mas chega no momento do cateterismo e a mulher não tem o entupimento nas coronárias. Juntamente com o fato de estresse, conseguimos fechar o diagnóstico”, comenta.
São raros os casos de Síndrome de Coração Partido. Lara enfatiza que a síndrome acontece em cerca de 2% dos casos em que as mulheres sentem os sintomas de dores no peito, falta de ar e outros característicos do infarto. Por isto, a mulher deve ficar atenta a qualquer sinal e procurar um serviço de emergência. O médico cardiologista Dalton Precoma esclarece que, no caso da síndrome do coração partido, o órgão fica enfraquecido por um tempo e, por isto, é necessário um tempo de descanso para a paciente. Entre seis e oito semanas, o coração retorna ao formato normal. O tratamento é realizado com medicamentos específicos. O caso deve ser acompanhado com atenção para evitar uma evolução para um quadro mais delicado.