“A pessoa tem um mínimo defeito, ou nenhum, mas enxerga aquilo como se fosse uma deformidade. Nunca está satisfeita com a aparência, vive fazendo procedimentos inúteis, indo de cirurgião em cirurgião”, explica a psicóloga Maria Cristina Ramos Britto, que é formada pela UFF desde de 1986 e pós-graduação em psicoterapia cognitivo comportamental, trabalha com pacientes com transtornos alimentares, obesidade e imagem, já atuou em equipe multidisciplinar de atendimento a pacientes obesos em preparo para cirurgia bariátrica.
Estar sempre insatisfeito com a aparência física, para alguns pode parecer pura vaidade, mas em alguns casos mais extremos o cuidado em excesso com o corpo e a imagem pode ser um transtorno grave que precisa ser tratado. Às vezes a pessoa não consegue perceber o risco que corre atrás da perfeição por conta da doença, por isso, nesses casos, amigos e familiares podem alertar e buscar ajuda profissional nesse processo de aceitação da aparência. Evitando assim, mais uma morte, ou graves danos a saúde.
“Pessoas anônimas em busca da forma perfeita sugeridas pelas capas de revistas, seguem modelos com biotipos que não são padrão das mulheres em geral, se arriscam porque querem se sentir inseridas nas fotos perfeitas das celebridades, as mais curtidas do instagram, ou compartilhadas no Facebook, um mundo vazio, que se põem em risco, cegas pela vaidade”, finaliza a especialista em imagem psicoterapia cognitivo comportamental.
A vítima mais recente
Divulgação |
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A modelo Raquel Santos, de 28 anos, uma das finalistas do concurso Musa do Brasil, morreu no fim da tarde desta segunda-feira, 11, após se submeter a um procedimento estético de preenchimento no rosto. A jovem era de Niterói, no Rio, representava o Mato Grosso no Musa do Brasil. Ela era casada e tinha dois filhos, Caíque, de 13 anos, e Liam, de 7.
Gilberto Azevedo o marido da vítima, disse que Raquele estava doente com essa busca pela beleza. Já tinha colocado silicone, em 2014; feito nariz, queixo e bochechas em 2015; e na semana passada tinha feito um enxerto no bumbum. Além disso, ela tomava muitos remédios e fumava muito, em torno de três carteiras de cigarros por dia. Ainda segundo o marido, ela tomava remédio antes de malhar, para dormir. Ela aplicava na coxa uma substância chamada Potenay antes de ir para a academia.
Segundo especialistas, o Potenay é utilizado inadequadamente para o ganho de músculos e muito requisitado por frequentadores de academias. De acordo com veterinários, o emprego dessa substância é feito em cavalos e a utilização continuada pelo ser humano tem conseqüências como derrame cerebral ou parada cardíaca por eleveção de pressão sanguínea.
Ela ganhou uma segunda chance e mudou de vida
Andressa Urach conquistou o segundo lugar no Miss Bumbum em 2012. Ganhou fama e imprimiu a ousadia como sua marca registrada. Mas em 2014 sua vida virou de cabeça para baixo: ela ficou entre a vida e a morte após ter complicações na aplicação do hidrogel nas pernas e comparou seu caso com o de Raquel Santos. “Infelizmente eu quase morri por excesso de vaidade. A busca pela perfeição acabou estragando meu corpo. Tudo porque eu queria ser perfeita, não me aceitava… Queria ser famosa a todo custo, ter dinheiro a todo custo. Queria preencher um vazio.”
Andressa quase teve que amputar as pernas e devido à gravidade do seu estado de saúde correu risco de morrer. Recuperada após um longo tratamento, Andressa resolveu mudar de vida. Se converteu evangélica, mudou o seu guarda roupa, não usa mai,s roupas sexys e provocantes, escreveu um livro em que admite que se prostituia com ricos e famosos. Atualmente faz palestras onde narra como era sua vida quando tinha obecessão pela beleza.
Veja o depoimento de Andressa sobre a morte de Raquel Santos:
Muito triste com essa notícia, não conheci esta moça, mas poderia ter terminado assim a minha história. Que Deus tenha misericórdia dessa Alma, estarei orando por essa mãe e que Deus conforte esse coração, Infelizmente eu quase morri por excesso de vaidade, a busca pela perfeição acabou estragando meu corpo. Tudo Pq eu queria ser perfeita, não me aceitava… Queria ser famosa a todo custo… Ter dinheiro a todo custo… Queria preencher um vazio… Eu realmente precisei quase morrer para aprender, precisei quase perder as pernas, quase ter elas amputadas! Hj eu agradeço por ter pernas e amo minhas cicatrizes, aprendi a me dar valor, criar valores, agradeço todos os dias por poder caminhar, ter essa segunda chance, se não tivesse sofrido o que sofri, chegado no fundo do poço, “não teria mudado”, na dor aprendi a corrigir os erros do passado, aprendi a me perdoar e perdoar quem me fez muito mal. Quantas Raqueis, Marias, Joanas, Andressas, já morreram e infelizmente não tiveram a segunda chance, não corra esse risco minha amiga, achando que com vc não vai acontecer! (Eu pensava assim: A cirurgia ou o procedimento não vai dar errado, se der problema no futuro, lá eu resolvo. E minha frase favorita era: A dor passa a beleza fica) eu não enxergava o tamanho da minha ignorância e no fim vcs viram o que aconteceu Cmg, minha perna apodreceu e quase morri e infelizmente é o que mais acontece, milhares de mulheres que morrem em procedimentos Estéticos ou tem seu corpo destruído por erros médicos ou então problemas de rejeição do organismo. Mas só hj entendo a raiz do problema… Eu não me amava, não me aceitava, não me dava o valor, tinha muitos traumas, era impulsiva, consumista, extremamente vaidosa, tudo em excesso, porque não entendia que existia um mal e a raiz era espiritual e que essa raiz deveria ser eliminada! Não queria reconhecer que precisava de ajuda!!! Mas quando chegamos no fundo do poço somos obrigados a olhar pra cima, pedir socorro, ser humilde, reconhecer os erros, se arrepender e principalmente não voltar a cometer os mesmos erros 27 anos de erros e uma decisão mudou minha vida, me converti, coloquei minha vida no altar, obedeci e então me libertei.