Decidir fazer mudanças na carreira é algo que pode acontecer na vida de qualquer um. Mas para aquelas pessoas que se formaram e não encontraram satisfação e estabilidade, apenas trocar de emprego pode não ser suficiente. Nestes casos, uma saída pode ser fazer mais um curso de graduação, afinal, ter conhecimento na área escolhida nunca é demais para enfrentar a alta concorrência do mercado de trabalho.
Quem seguiu por este caminho foi a dentista e estudante de Arquitetura Mariana Ribeiro Bocchi, de 22 anos. Mariana concluiu a faculdade de Odontologia em 2013 e, desde então, trabalha na área. Apesar de formada e empregada, ela não estava feliz com a carreira. “Venho de uma família de dentistas e gosto de Odonto, mas a profissão não é minha paixão. Entrei na faculdade aos 17 anos e, logo depois que me formei, sofri um baque. Percebi que só com a Odontologia não conseguiria o retorno pessoal e financeiro que imaginava. Por isso, fui atrás de outras possibilidades”, conta.
No variado leque de cursos ofertados pelas universidades de Curitiba, Mariana optou pelo curso de Arquitetura. “Durante minha primeira faculdade, conheci muitas pessoas que estudavam Arquitetura. No contato com elas, notei que este poderia ser o curso ideal para mim. Além disto, outro grande incentivo foi minha irmã ter iniciado na Arquitetura cerca de um ano antes de eu fazer meu segundo vestibular”. Sobre seu futuro, a estudante é otimista. “Acredito que estou no caminho certo. Assim que terminar meu curso, vou voltar para Guarapuava, minha cidade natal, pois lá há mais trabalho na área. Mas se algo der errado, ainda tenho a Odontologia como segunda opção” afirma.
A escrivã da Polícia Civil Ana Beatriz Ferraz Dorigo, de 29 anos, também tomou coragem e deixou de lado o diploma e a profissão de publicitária, sua primeira formação de nível superior. “Comecei a faculdade de Publicidade e Propaganda muito cedo e, durante o curso, tive muita dificuldade em conseguir estágios. Pensei que melhoraria após a formatura, mas isto não aconteceu, não foi fácil encontrar emprego”. Mas o destino deu uma ajuda para ela. Ao decidir disputar uma vaga em concursos públicos, ela se deparou com sua verdadeira vocação. “Passei a gostar das disciplinas da área do Direito quando estudava para os concursos. Graças à minha força de vontade e gosto pelo estudo, em 2009 passei para o cargo de escrivã. Em 2012, fui nomeada para a função e, desde o início deste ano, sou uma feliz estudante do curso de Direito”.
Colocando o plano em prática
Para quem se identifica com a frustação enfrentada por Mariana e Ana após a primeira formatura e tem dúvidas se está na hora de mudar, o coach Jerônimo Mendes aponta algumas questões que podem ajudar a perceber se mudar de carreira é a melhor opção. “Alguns sinais indicam que é hora de trocar de carreira. São eles: você levanta irritada, desmotivada, com vontade de ficar em casa. Você não vê perspectiva de crescimento profissional em médio e longo prazo e não está agregando nada ao seu conhecimento. Além disto, o ambiente onde você trabalha é nocivo ou você está trabalhando mais do que a sua condição física suporta”, alerta.
Mas apesar de ser um bom caminho, fazer uma segunda faculdade não é garantia de sucesso. Segundo Mendes, fazer um novo curso ajuda, mas nem sempre é a solução. “A maioria das pessoas que conheço atua numa área diferente da sua formação original. Vejo engenheiros em bancos, psicólogos em restaurantes, médicos na gestão de empresas, etc. Saber o que queremos é uma realização psicológica rara e difícil, dizia Abraham Maslow, psicólogo norte-americano, mas a vida é feita de experimentação, &e,acute; melhor arrepender-se de ter feito errado do que não ter tentado”.
Além disto, quem muda ainda está sujeito a dificuldades como insegurança financeira, sensação de trocar o certo pelo duvidoso, desafio do recomeço e incerteza quanto ao sucesso. Sobre o futuro e a recolocação do profissional que troca de área, o especialista diz que existem três aspectos importantes na avaliação feita pelas empresas: formação educacional, experiência e atitude. “As empresas, em geral, estão precisando muito mais de atitude do que formação. Se for possível combinar os três fatores, teríamos um profissional acima da média, o que não é tão simples. Neste sentido, as mulheres estão à frente dos homens, por razões antropológicas. Elas lidam melhor com a adversidade do que eles”, conclui.