Risco evitável

Saiba como se proteger da toxoplasmose na gravidez

Na gestação, a futura mamãe precisa fazer o pré-natal e tomar cuidado com diversas doenças, que podem prejudicar sua saúde e o desenvolvimento saudável do bebê. Entre as patologias que mais preocupam as gestantes, está a toxoplasmose, doença transmitida pelo protozoário Toxoplasma Gondii e que pode ser muito perigosa. De acordo com o ginecologista e obstetra do Hospital Marcelino Champagnat Hugo Joaquim, esta é uma doença encontrada em diversos países do mundo, mas que não apresenta gravidade para os adultos infectados. No entanto, as consequências podem ser muito graves para o bebê.

“Quando a mãe apresenta toxoplasmose, o bebê fica sujeito a ter sérios problemas de desenvolvimento, que podem levar a cegueira, surdez, macrocefalia e microcefalia, calcificação em regiões do cérebro e até risco de abortamento. E quando mais cedo o feto for exposto à doença, maiores serão os prejuízos”, alerta. O médico ainda ressalta que no primeiro e no segundo trimestre de gestação, a doença é muito mais perigosa para a criança, pois, neste período, ele está em fase de formação.

Para evitar as consequências mais graves, o ginecologista diz que a mulher deve dar início ao pré-natal assim que descobrir que está grávida. Desta forma, ela fará vários exames, entre eles, os específicos que podem detectar a toxoplasmose. “Durante o pré-natal, a mulher faz a dosagem das imunoglobulinas, que podem mostrar se ela tem ou não toxoplasmose ou, ainda, se ela já teve contato anterior com o protozoário e está imune à doença. Se a doença for confirmada, ela deve iniciar o tratamento o mais breve possível”, diz Joaquim.

Gato: vilão ou inocente?

Quando o assunto é toxoplasmose, muita gente relaciona imediatamente a doença aos gatos. De fato, os felinos são os hospedeiros do protozoário causador da toxoplasmose, mas eles não transmitem a doença de forma tão fácil, pelo contato com os humanos, como algumas pessoas imaginam. O médico infectologista do Laboratório Frischmann Aisengart Jaime Rocha explica que o parasita da toxoplasmose é eliminado pelas fezes dos gatos e, assim, o solo é contaminado. Mas a forma de contaminação nos seres humanos acontece com a ingestão destes ovos, que pode acontecer principalmente quando a pessoa come uma salada mal lavada ou quando ingere carne ou verduras cruas ou mal cozidas.

Segundo Rocha, grande parte da população já teve contato com a doença. “De acordo com dados do Banco de Sangue de Curitiba, cerca de 60% a 70% da população já teve contato com a toxoplasmose. Desse total, 90% não teve sintomas ou teve reações semelhantes à de uma gripe”. Para evitar a doença e manter o ambiente familiar saudável, a veterinária da Dog Gato Clínica Veterinária Munique Fogaça aconselha cuidar dos animais domésticos. “Podemos evitar a toxoplasmose em nossos animais não alimentando eles com carnes cruas ou mal passadas e não permitindo que eles tenham acesso à rua, onde podem caçar. Desde que as pessoas tenham cuidados básicos de higiene, os gatos não oferecem risco nenhum”, orienta.

Com amor e cuidado

Grávida de oito meses da Heloísa, a proprietária do petshop Patas e Garras, Jennifer Serna, de 29 anos, convive diariamente com muitos cães e gatos, no trabalho e também em casa, pois é dona de quatro felinos e abriga mais de vinte cachorros resgatados das ruas. Mas, mesmo tendo contato com tantos bichos, ela não tem medo da toxoplasmose. “Fiz os exames de rotina, incluindo o de toxoplasmose e eles sempre deram negativo. No começo da gestação, até fazer o primeiro exame, minha mãe limpava a caixa dos gatos, depois passei a fazer isto, com cuidado. No trabalho, uso luvas para lidar com os ,animais e lavo as mãos constantemente”.

Outra gestante que nunca cogitou se desfazer de seus gatos foi a secretária Géssica Rodrigues dos Santos, 23, grávida de nove meses. Mesmo vivendo com dois felinos em casa, ela acredita que não está colocando sua saúde ou a de sua bebê Isabeli em risco. “Assim que comecei o pré-natal, minha médica me perguntou se eu tinha gato e cachorro em casa, eu respondi que sim e ela solicitou o exame, que deu negativo. Ela também disse que a toxoplasmose não é transmitida diretamente pelo gato e sim por suas fezes e me aconselhou a não mexer na areia dos gatos, evitando que eles saíssem para a rua. E tomando todos esses cuidados nada impede que eu fique com eles, afinal, amo eles da mesma forma que amo a minha filha”.

Orientações de sua médica foram essenciais para que Géssica se protegesse da toxoplasmose e não prejudicasse sua bebê. (Foto: Gerson Klaina)