Casar de branco na igreja e fazer uma recepção para convidados continua sendo o sonho de muita mulher. No ano passado, foram realizados 9490 casamentos civis e 728 casamentos religiosos com efeito civil em Curitiba, segundo dados do Fundo de Apoio ao Registro Civil de Pessoas Naturais (Fundarpen). Os religiosos, em sua grande maioria, estão inclusos na conta, pois, normalmente, o registro no cartório é exigido para agendar a data na igreja.

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Mas, do noivado ao casamento propriamente dito, dezenas de detalhes entram em cena e nem todos os casais contam com orçamento suficiente para realizar a festa tão desejada. Afinal, foi-se o tempo em que casamento era por conta do pai da noiva. A verba, hoje, acaba saindo mesmo do bolso do casal que, muitas vezes, nem casa própria tem.

Para aqueles que não podem gastar todas as economias, o ideal é optar por cerimônias mais simples, com menos pompa, como uma recepção com bolo e champanhe no próprio salão paroquial da igreja. “Normalmente, só cobram uma taxa de limpeza depois”, diz a cerimonial Valdirene Cioato, a Val, formada pelo Senac e com curso de técnico em Eventos no Instituto Federal do Paraná no currículo.

Outra saída é o chamado casamento por adesão, quando o convidado paga o que consome. Mas é preciso ter cuidado com este tipo de evento, pois pode ser considerado uma afronta para os mais tradicionais. Outro ponto negativo é que muita gente pode desistir de comparecer ao evento, já que os convidados também têm despesas com roupa, maquiagem e o presente dos noivos.

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Se o desejo dos noivos é mesmo um casamento completo, a sugestão é começar a organizar o evento com pelo menos um ano de antecedência. Primeiro, é preciso definir o quanto podem gastar e quantas pessoas pretendem convidar. “Não adianta ter mil convidados e R$ 10 mil para investir”. Para Val, um casamento ideal teria cerca de 200 convidados. Os mais simples, com cerimônia e festa no mesmo espaço, custam a partir de R$ 20 mil.

De olho nos descontos

Marco Charneski
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Os noivos devem ficar espertos e tentar conseguir descontos. Ao fechar com fornecedores, uma série de detalhes pode ser revista para economizar. Um deles é o mês escolhido para casar. Em maio, por ser o mês das noivas, tudo é mais caro. Mas, as estatísticas do Funarpen mostram que os meses mais requisitados pelos noivos vão de setembro a dezembro.

Setembro é um mês requisitado por ser o início da primavera, mas o preço das flores dobra. “Para casar de setembro a dezembro, às vezes é preciso marcar o casamento com dois anos de antecedência, porque é a época dos eventos corporativos e formaturas. Junho, julho e agosto são os meses mais em conta e é possível conseguir descontos de até 70%”, explica a cerimonial.

Para a cerimonial, o que mais pesa no bolso do casal é, sem dúvida, o aluguel do local e o buffet, que custam de R$ 3 a R$ 12 mil. “Tem lugares mais baratos que não cobram o espaço, como restaurantes em Santa Felicidade, mas você vai ter que dividir o espaço, onde costumam ter casamentos simultâneos”, comenta. Para Val (foto), um dos melhores investimentos é o fotógrafo, pois, no final das contas, o que fica da festa são as fotos. Dar preferência a flores da estação e papéis mais baratos para convites; apostar em tecidos mais simples e menos renda no vestido; pedir carro emprestado para levar à igreja são outras dicas.

Vestido importado pela internet

Arquivo Pessoal

Um dos principais destaques do casamento e, sem dúvida, um dos itens mais caros é o vestido da noiva. Como é uma peça que provavelmente só será usada uma única vez na vida, muitas noivas costumam alugar o traje, mas a bancária Gisele Moleirinho (foto), 28 anos, teve outra ideia: comprar o vestido pela internet. No site Shop of Brides (www.shopofbrides.com), ela encontrou o que queria em meio a dezenas de modelos.

O custo era de 300 dólares mais o frete, ou seja, o preço de uma locação das mais baratas. A entrega é garantida, mas deve ser feita com bastante antecedência, pois imprevistos podem ocorrer. O de Gisele foi apreendido pela Receita Federal, fazendo com que ela tivesse que gastar um pouco mais. “Para eu não pagar imposto na entrada do produto no Brasil, os chineses fizeram uma nota fiscal de 40 dólares, mas a Receita solicitou o link da compra e lá aparecia o real valor do produto”.

Com isso, ela teve que pagar uma multa de 260 dólares (diferença entre o valor real e o valor da nota fiscal) mais o imposto. “Contando com todo esse tempo que ficou retido, meu vestido chegou entre 60 e 70 dias”. Mesmo com todos os imprevistos, Gisele disse que valeu a pena. “Quando ele chegou, me surpreendi. Confesso que não esperava um vestido tão bem feito. Só levei até um costureiro para fazer alguns ajustes”, diz. No final das contas, o vestido ficou em torno de R$ 2 mil.

Economia já nas alianças

A economia para o casamento já começa na compra das alianças de noivado, que é o primeiro e grande passo para o que vem mais adiante: a cerimônia e a festa. Segundo o gerente da joalheria Big Ben do Shopping Curitiba, Marcio Rodrigues dos Santos, ao contrário de outras épocas, hoje as mulheres assumem a liderança na hora de bater o martelo e comprar os anéis.

Marcio conta que é comum que o casal vá até a loja para escolher pessoalmente o modelo. Mas, na hora de pagar, quem desembolsa o valor é a noiva. “Nunca tivemos tantas mulheres comprando aliança. Quando o namorado diz sim, não dá nem tempo de ele pensar. A mulher escolhe e paga”, conta. O gerente revela que a grande maioria do público que entra na loja em busca de alianças é jovem e tem, em média, 25 anos.

Casa própria deve ser o principal

A festa de casamento exige muito do bolso e costuma ser uma despesa grande. O ideal é que o casal estabeleça prioridades e não estoure o orçamento logo no início da vida conjugal. “É interessante que o casal tenha primeiro a casa para depois fazer a festa. É importante também que os noivos comecem a economizar de quatro a cinco anos antes da festa se eles vão bancar a festa”, sugere a professora Ana Paula Cherobim, do Laboratório de Orçamento Familiar da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A analista de marketing Cláudia Cordeiro, 33, e o vendedor Anderson Vieira, 27, seguiram à risca essas recomendações. Só casaram depois de ter casa própria. Aliás, já moravam juntos três anos antes da cerimônia. Para ela, a convivência diária foi fundamental para que eles decidissem oficializar a união. “Nós fizemos um estágio pra ver se dava certo, porque viver junto é diferente do que passar apenas o final de semana”.

Outro casal que providenciou a casa própria antes da festa foi a funcionária pública Luiza Fernandes Luiz, 25, e o advogado Mauro Vinícius Festa, 26, que se casam em outubro do ano que vem. Eles também estão poupando desde julho do ano passado. “Nós nos programamos bastante e estipulamos o que cada um tinha que guardar por mês. Abrimos mão do que é supérfluo e focamos no mais urgente”, conta a noiva. Luiza vem de uma família católica e não casar de branco, na igreja, estava fora de cogitação. “A primeira coisa que fiz foi marcar a data na igreja”, diz.

Arquivo Pessoal
Luiza, e Mauro começaram a economizar logo após o noivado, que aconteceu em Fernando de Noronha.