Antes restrita a boates e clubes de streaptease, o pole dance – a dança da barra – tem conquistado cada vez mais adeptas de todas as idades. A responsável por esse sucesso foi a personagem Alzira, de Flávia Alessandra, que era dançarina de boate na novela Duas Caras, de 2007. Nessa época, a educadora física Grazzy Brugner, 33 anos, vislumbrou a grande oportunidade da sua vida e se tornou a primeira brasileira a abrir um academia exclusiva de pole dance, em Curitiba.
O Studio Grazzy Brugner – Pole Dance Art Fitness conta com quatro unidades, sendo três dentro de academias de ginástica. No Brasil, já são mais de 200 estúdios atualmente. A capital paranaense já soma oito, contando com os de Grazzy, que também foi a responsável por realizar campeonatos de pole, além de participar como jurada de competições fora do Brasil. Ela ainda ministra o curso de capacitação de instrutores na faculdade Inspirar, o primeiro curso acadêmico do mundo.
O pole dance tem origem na prática do Mallakhamb, que é uma espécie de yoga acrobática praticada em um poste de madeira desde o século XII na Índia. Essa modalidade ainda é praticada por garotos e homens e tem a variante feminina – o Mallakhamba – esporte realizado com cordas. A dança também é derivada do Mastro Chinês, que é uma modalidade circense. E existe há mais de 20 anos como modalidade física.
Segundo a professora, no entanto, ainda existe preconceito em relação ao pole, que tem a sensualidade e um toque circense como principais características. “As pessoas ainda entendem o pole como conheceram, pelas streapers, nas boates, ou do filme (Streaptease, com Demi Moore)”. Mas ela e outras instrutoras têm batalhado bastante para que isso acabe, tornando a dança uma modalidade fitness. “Eu capacitei mais de 130 novos instrutores. Nós chamamos o pole de arte fitness porque não deixa de ser artístico e tem a base fitness que é extremamente forte”.
Segundo ela, a maioria das mulheres procura a dança como atividade física e raramente para fazer coreografia para o marido ou namorado. Rafaella Taborda, 43, que é professora de yoga e fez aulas particulares de pole dance há três anos. Depois de terminar o curso, ela decidiu abrir o próprio estúdio, que funciona há dois anos, e hoje é presidente da Federação Paranaense de Pole Dance (FPPD). “Fui fazer aula e gostei. É um exercício que engloba o corpo e a mente, tendo muito do pilates, balé e circo. Trabalha o psicológico e o lado mulher”.
Performance
No curso de capacitação, com quatro módulos, a aluna aprende todos os movimentos de base que ajudam a criar outras situações. Na apostila, são mais de 700 movimentos. “O pole dance fortalece toda a musculatura e contribui para a flexibilidade, pois trabalha com alongamento, a coordenação. Também reduz o peso e melhora a autoestima. É uma atividade de superação e força”, defende.
Entre os movimentos mais famosos estão o “superman” – quando as pernas ficam retas e um braço fica na barra e o outro estendido – ou seja, imita o super-herói voando. Esse movimento é difícil, se aprende no modo avançado. Quem está apenas começando aprende a fazer, por exemplo, o “basic fireman”, o clássico giro do bombeiro, com os joelhos flexionados na barra. O intermediário é inversão básica, ficar de ponta cabeça com as pernas estendidas.
Descobrindo a dança
Andressa Klauck, 24, é dentista e sempre praticou esporte. Há um mês, ela descobriu o pole. “Fui experimentar, porque achei bacana e por causa da consciência corporal. Eu descobri músculos que nem sabia que tinha. A aula é muito animada. Tem a parte técnica, mas tudo parece brincadeira”, conta. Ela namora há sete anos e está noiva. No início, seu noivo ficou com pé atrás. “Ele não conhecia muito, mas depois eu mostrei como funcionava e ele achou lindo, gostou muito”, c,ontou.
Amanda Vanessa Chierpinski, 22, é estudante de Administração e começou a fazer pole há dois anos, depois de praticar jazz e dança do ventre. “Meu corpo mudou completamente, desde a tonificação muscular, a flexibilidade, autoestima também. Eu gostei do pole por causa do desafio que ele traz, porque o mais difícil é parecer ser fácil”, avalia.
Eliana Ewert, 24, trabalha como secretária e é instrutora de pole, que começou a fazer há exatos dois anos e 11 meses. “Li uma reportagem da Grazzy e fui até o estúdio dela. Fiz uma aula e me apaixonei”. Da posição mais difícil, Eliana diz que o “iron x” é a campeã. “É como se fosse uma bandeira onde você se sustenta só com os braços”. Quem está seguindo os passos de Eliana é Karla Godoi, 18, que se formou como instrutora na Inspirar e se prepara para dar aula. “Sou apaixonada pelo pole. Me tornei instrutora com oito meses”, lembra.