Personalidade decifrada por meio do eneagrama

Não é esoterismo, nem adivinhação. O eneagrama é uma figura que existe há mais de cinco mil anos. Utilizada anteriormente para entender os processos de funcionamento dos astros no universo, a partir da década de 1970, passou a ser usada também para entender a personalidade humana, depois de ser objeto de vários estudos científicos. Desde então, o eneagrama é considerado base de uma teoria, com viés científico, filosófico e psicológico.

Cada um dos nove pontos da figura indica um número. E cada um deles indica características únicas de comportamento. De acordo com Sandro Binello, proprietário da Evolutio Eneagrama, uma franquia do Instituto Eneagrama em Curitiba, quando a pessoa descobre qual é seu número e, consequentemente, seus pontos positivos e negativos, pode aprender a lidar melhor com os problemas profissionais e pessoais.

“Além do autoconhecimento, a pessoa saberá como identificar o padrão de comportamento do outro e perceber o que o estressa. Saber o que está por trás das reações de cada um ajuda na resolução de conflitos, na gestão de pessoas, e a lidar melhor com os familiares”, conta. Na internet, os interessados encontram à sua disposição vários testes para descobrir qual é o seu número.

Porém, apenas saber suas características pode não ser suficiente para mudar vícios de comportamento. É como receber um diagnóstico e não saber como é o tratamento. Por isso, empresas como a de Binello criaram programas de treinamento para que as pessoas que buscam o eneagrama tenham uma orientação. Segundo ele, o treinamento começa com a compreensão da metodologia e a aplicação dela na vida prática.

Aliocha Maurício
Orgulho e prepotência chocaram Sheila.

Depois disso, os alunos do curso conhecem os nove tipos, seus instintos e vícios, e examinam vídeos e perfis de pessoas públicas para observar como os tipos se manifestam. Só depois acontece a autoidentificação e o aluno é orientado para saber neutralizar os vícios, buscando o equilíbrio entre os instintos, e aprende também a desenvolver as virtudes. “Conversamos sobre a formação do padrão de comportamento e aí mostramos as ferramentas e o que pode ser feito com isso”, explica Binello.

Prática

A principal ferramenta de autoconhecimento é a auto-observação. Binello lembra que agimos quase 95% do tempo de forma automática e é indispensável ampliar a consciência e prestar atenção em todas as nossas atitudes. Nem sempre é fácil sair da zona de conforto e aceitar que estamos errados. Foi assim com a terapeuta corporal Sheila Tramujas, 60 anos. Há 15 anos, ela assistiu a um workshop sobre o eneagrama e descobriu que era do tipo dois, mas foi absorvendo as informações aos poucos e só mudou seu comportamento no ano passado.

Ela sempre foi uma pessoa que acha que tem responsabilidade sobre os problemas dos outros e até passa dos limites, sem cuidar de si. Desta forma, foi um choque saber que, por trás disso, estava o vício do orgulho e a prepotência. Mas esse autoconhecimento foi o gatilho para a mudança. “Foi muito importante saber qual era o vício que estava comandando minha maneira de me relacionar com as pessoas e com a vida. Eu também era muito impulsiva e não planejava, tinha dificuldade de colocar as coisas nos seus devidos lugares”, explica.

Para isso, Sheila recebeu orientações de Binello. A principal conquista, depois disso, foi a conclusão de um livro. A produção, que já se estendia por quatro anos, foi encerrada em seis meses depois de receber lições de planejamento. Ela reorganizou o trabalho e conseguiu manter o foco em cada cap&iacu,te;tulo. O livro, que fala sobre o ego, ainda não foi publicado. Essa mudança é possível em pessoas de todos os tipos.

Binello exemplifica com o tipo um, que vê o mundo perfeito, onde tudo precisa acontecer da forma mais correta. É uma pessoa que gosta de começar e terminar tudo o que faz, é persistente, mas tem um conceito de perfeição que só existe no ponto de vista dela. “Ela não consegue perceber que existem outras maneiras de se fazer a mesma coisa. Quando está neste nível de exigência e não consegue atingir a perfeição, vai pro estresse, vício da raiva, porque as coisas não são como acha que deveriam ser. É uma pessoa centralizadora porque acha que ninguém faz as coisas tão bem quanto ela. Mas, com esforço e disciplina, entende que o outro pode fazer do jeito dele tão bem quanto”.

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